Nobel de 1954, escritor americano, que se matou há 60 anos, foi correspondente de guerra, lutador de boxe e pescador. ‘Por quem os sinos dobram’ é considerado sua obra prima
Quem passa o mês de julho por Key West tem a sensação de que boa parte da população da cidade na Flórida é formada por homens de barba grisalha e sorriso tímido. Tudo por conta de um concorrido concurso de sósias de Ernest Hemingway que acontece todos os anos na época de seu aniversário, comemorado em 21 de julho. Nobel de 1954, Hemingway viveu seus 61 anos fazendo uma infinidade de coisas: foi correspondente de guerra, soldado, lutador de boxe, caçador e pescador de marlins no mar de Cuba, onde viveu por mais de 20 anos.
“O Sol também se levanta” foi publicado em 1926 e virou um dos clássicos da literatura americana. Conta a história de Jack Barnes, um jornalista americano que vive em Paris. Ferido na Primeira Guerra Mundial, Barnes ficou impotente e vive na Rive Guache atrás de Brett. Mas ela se envolve com um judeu que foi campeão de boxe. A trama conta as histórias ainda de Bill, um escritor nova-iorquino, e de Jack, e foi inspirada nos anos em que passou na Espanha e participou da Guerra Civil.
Esse primeiro romance de Hemingway foi escrito em apenas dois meses, entre julho e setembro de 1925. Na epígrafe, trazia escrito: “Vocês todos são uma geração perdida”, frase atribuída a Gertrude Stein. A “geração perdida” estava em Paris, nos anos loucos, e acreditava que o fato de viver onde estiveram Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire e Paul Verlaine tornava possível que fossem escritores. Hemingway chegou a alugar o quarto em que Verlaine teria morrido.
Entre suas principais obras estão “Adeus às armas” (1929), “Por quem os sinos dobram” (1940), considerado sua obra prima, e “O velho e o mar” (1952), que lhe deu, no dia 4 de maio de 1953, o Pulitzer de Ficção.
Paris não atraía só Hemingway. Muitos americanos escolheram viver por lá, já que o ambiente era menos puritano e repressor do que nos EUA, que nesta época proibia até o álcool.
A capital da França, no entanto, era sinônimo de liberação intelectual e comportamental. Estavam por lá também James Joyce, Ezra Pound, Ford Madox Ford, Zelda e F. Scott Fitzgerald e John dos Passos. Frequentavam o apartamento em que Gertrude vivia com Alice B. Toklas. Além de Paris, eles se interessavam por países de origem latina, sentindo-se atraídos por touradas, símbolo de risco, virilidade e adrenalina.
Hemingway casou-se quatro vezes e matou-se em sua casa, em Ketchum, nos EUA, com um tiro de espingarda, a mesma com a qual costumava caçar, em 2 de julho de 1961.
Aventureiro. Hemingway foi soldado, correspondente de guerra, lutador de boxe, caçador e pescador Arquivo
Fonte: O GLOBO