Manoel Carlos Pinheiro
A chamada Doutrina Monroe, de 1823, implantada pelo presidente James Monroe no Congresso norte-americano, expressou como nenhuma outra o ideário Isolacionista surgido a pretexto de se contrapor à Quíntupla Aliança (Áustria, Rússia, Inglaterra, Prússia e França) e ao suposto temor de que ela impusesse o jugo espanhol às repúblicas ocidentais que proclamavam sua independência.
Ou seja, não aceitar nenhum tipo de intromissão europeia sobre quaisquer aspectos, isto é, “América para os americanos”, no dizer de Monroe, que vale até hoje.
AMEAÇA AOS EUA – Conhecida como Pan-Americanismo, a Doutrina Monroe declarava que qualquer tentativa europeia de estender seu sistema ao Novo Mundo seria considerada uma ameaça à paz e à segurança dos EUA.
Na verdade, essa doutrina foi a base da justificativa do papel estadunidense de “Polícia do Mundo”, sobretudo com o corolário Roosevelt (de Theodore Roosevelt – O Homem do Porrete Grande) em 1904, segundo o qual em casos nos quais “a delinqüência ou impotência crônica” de qualquer dos estados independentes do Hemisfério Ocidental poderia forçar os EUA a exercerem “ainda que com relutância” os poderes de polícia internacional.
POLÍCIA DO MUNDO – Depois do criminoso uso da bomba atômica, em 1945, lançada sobre Hiroshima e Nagazaki, no Japão, os EUA invadiram muitos países e em dois deles apanharam feio: Coréia do Norte e Vietnã do Norte.
Não importa se o Iraque não tinha armas químicas, se a Líbia não patrocinava o terrorismo internacional, se a Síria não desrespeitou os direitos humanos; o que importa é que os EUA se julgam no direito de exercerem o papel de “Polícia do Mundo” e para isto basta a presunção de que o desenvolvimento de um país ou a implantação de um sistema político que contrarie os interesses dos EUA sejam considerados uma ameaça.
Passados quase 200 anos da adoção da Doutrina Monroe, pouco mudou na política internacional, salvo a ascensão política, militar e econômica da China. E, assim, há motivos para novas reflexões.