Do G1/PE
Uma operação foi desencadeada em cinco estados contra uma organização criminosa suspeita de pirâmide financeira através de sites de investimento, crimes contra as relações de consumo e lavagem de dinheiro, hoje. Somente no Recife, foram apreendidos mais de R$ 280 mil em espécie e veículos, segundo o Ministério Público de Pernambuco
No estado, foram cumpridos mandados também em Caruaru, Pesqueira e Gravatá, no Agreste do estado. Nesse último município, duas pessoas foram detidas e conduzidas à delegacia local.
Segundo o Ministério Público, a Operação Black Monday também foi deflagrada na Paraíba, em Alagoas, na Bahia e em Goiás. Somando-se os cinco estados, são cumpridos 29 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão. Em Pernambuco, foram 12 de busca e apreensão e cinco de prisão temporária.
Na Paraíba, o chefe do grupo foi localizado em João Pessoa. Segundo a polícia, ele reside em Caruaru. Com ele, foram encontrados carros de luxo, como um veículo da marca Lamborghini, avaliado em cerca de R$ 2 milhões, e uma BMW.
Esquema
As investigações tiveram início em maio de 2020, quando o Ministério Público de Minas Gerais descobriu indícios de que criminosos estariam captando dinheiro das pessoas através dos sites Aprenda Investindo e Investing Brasil, com a promessa de realizar investimentos lucrativos.
Segundo o MP, os valores transferidos pelos clientes eram convertidos pela organização criminosa em bens de alto valor e criptomoedas, um tipo de dinheiro virtual. O prejuízo gerado pela quadrilha foi estimado em R$ 60 milhões. Até então, o Ministério Público identificou 1,5 mil pessoas vítimas do esquema.
O promotor de MG Fabrício Pinto explicou que as empresas ofereciam pela internet cursos de investimentos financeiros que prometiam lucros acima do valor de mercado. Era por meio desses sites que os criminosos arrecadavam o dinheiro das vítimas. Uma das pessoas teve um prejuízo de R$ 4 milhões, de acordo com o Ministério Público.
“A partir de determinado momento, as remunerações não foram pagas às vítimas e esse dinheiro foi utilizado em investimento de Bitcoins [uma moeda virtual] e também em aquisição de veículos de alto valor, imóveis em várias capitais do Nordeste e cidades do interior de Pernambuco e da Paraíba”, explicou Pinto.
A prática, ainda de acordo com o promotor, é conhecida como pirâmide financeira. “Foram utilizados também várias pessoas, chamadas de laranjas, e foram construídas várias empresas com esses laranjas”, disse.
Um dos alvos da polícia morava no prédio de luxo em Boa Viagem, onde foi encontrado dinheiro em espécie. “A investigação aponta que ela pode ser uma possível laranja, utilizado o nome dela, ou até a participação efetiva dela porque o valor arrecadado demonstra que ela não era apenas uma laranja, mas que tinha alguma participação na organização”, afirmou.
Operação no Recife
Hoje, a TV Globo flagrou o cumprimento de mandado de busca e apreensão em um prédio na Rua Padre Carapuceiro, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Segundo policiais que estavam no local, foi encontrado dinheiro em espécie (reais e euros). As cédulas estavam enroladas em roupas dentro do banheiro de um apartamento do 25° andar.
O apartamento, segundo os policiais, é de propriedade de uma mulher. Ainda de acordo com os agentes, ninguém foi preso no local. No mesmo edifício, três veículos, sendo dois carros e uma moto, foram apreendidos. Um dos alvos de prisão moraria no prédio, mas teria fugido, segundo os promotores.
“Foram encontrados aproximadamente R$ 300 mil em espécie, [dinheiro esse] encontrado com um alvo da investigação. E, em outro imóvel, foram apreendidos alguns veículos cuja soma desses bens importam em quase R$ 600 mil”, disse o promotor de Pernambuco, Frederico Henrique.
Segundo o MPPE, na capital pernambucana, foram apreendidos documentos bancários, pen-drives, computadores, R$ 287 mil em espécie e veículos.
Os bens apreendidos foram encaminhados à sede do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Pernambuco (Gaeco), onde devem passar por uma análise inicial e depois vão para o Ministério Público de Minas Gerais.
Deflagrada pelos Ministérios Públicos de Pernambuco e de Minas Gerais, por meio dos Gaecos, a ação contou com apoio da Polícia Civil e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A operação também contou com o apoio dos Ministérios Públicos dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Rondônia, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.