Presidente do TJ-MS chama prevenção de covardia

 

O novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ/MS), desembargador Carlos Eduardo Contar, fez duras críticas as medidas de prevenção a Covid-19 determinadas pelas autoridades de saúde do estado e do país e ao trabalho da imprensa ao divulgar o agravamento da pandemia no Brasil. As informações são do O Globo.

As críticas foram feitas na última sexta-feira à noite, durante sua solenidade de posse. O evento reuniu mais de 300 pessoas no centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande.

A reportagem entrou em contato com o TJ/MS, que ainda não se manifestou sobre o assunto. A Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul (Amamsul), que disse que não vai comentar sobre a fala de Contar. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Ordem dos Advogados do Brasil seccional de Mato Grosso do Sul (OAB/MS) também foram questionados e ainda não se pronunciaram.

A solenidade foi transmitida em tempo real pelo TJ/MS em seu canal em uma rede social. Em seu discurso, que consta inclusive na página do órgão na internet, o desembargador pede o retorno ao trabalho normal – mesmo em meio a pandemia – e chama de irresponsável, covarde e picareta da ocasião, aqueles que divulgam as medidas de prevenção contra a Covid-19 defendidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como “ficar em casa” nesse período.

“Voltemos nossas forças ao retorno ao trabalho, deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor, desprezemos pois o irresponsável, o covarde e picareta da ocasião que afirma ‘fiquem em casa’, ‘não procurem socorro médico com sintomas leves’, ‘não sobrecarreguem o sistema de saúde’”.

Em outro trecho do discurso de posse, o novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul se volta contra a imprensa. “Mostremos nós trabalhadores do serviço público responsabilidade com os deveres e obrigações com aqueles que representamos, e por isto mesmo, retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre, honrado nossos salários e nossas obrigações assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada, que precisam laborar para sobreviver e não vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês”.

Contar, ainda no discurso, ressalta que o evento representa um “momento de falar sem ser interrompido” e de combater o que chamou de “histeria coletiva, mentira global e exploração política” em uma clara menção a pandemia. Ele aproveita e ainda defende o uso de medicamentos sem comprovação científica no tratamento da doença.

“Este seria o momento de falar sem ser interrompido, é a oportunidade de considerar as coisas como se apresentam, combatendo a histeria coletiva, a mentira global, a exploração política, o louvor ao morticínio, a inadmissível violação dos direitos e garantiras individuais, o combate leviano e indiscriminado a medicamentos que – se não curam, e isto jamais fora dito – podem simplesmente no campo da possibilidade, ajudar na prevenção ou diminuição do contágio não sendo solução perfeita e acabada”.