Graças à luta de Theresa Kachindamoto, o governo do país aumentou a maioridade de casamentos para 18 anos.
Quando falamos em qualidade de vida para as crianças, logo pensamos em uma rotina marcada por muitas brincadeiras, diversão e muito amor em família, mas esse não é o destino de muitas crianças que vivem no Malauí, que é um país do continente africano. Estima-se que mais da metade das mulheres daquele país casam-se antes de completarem 18 anos, ou seja, elas sobem ao altar quando são adolescentes ou crianças, sem terem a mente, muitos menos o corpo, formados para entender as responsabilidades que um matrimônio implica. Naquele país, são comuns, por exemplo, casos de estupros de crianças e adolescentes, entretanto, uma líder feminista tem lutado para mudar essa dura realidade.
Theresa Kachindamoto é a supervisora ??de um distrito em Malauí e já conseguiu anular mais de 850 casamentos forçados no país e, com isso, também tem incentivado o retorno destas meninas para a escola, já que, muitas vezes, elas têm que abrir mão dos estudos para se dedicar aos afazeres do lar.
Kachindamoto trabalha em prol dos direitos das mulheres na região há cerca de 10 anos, período em que alcançou grandes conquistas, mas também atraiu muitos inimigos.
Ela já foi ameaçada de morte mais de uma vez, por ir contra esse costume que vai contra todos os preceitos de direitos humanos, mas que, infelizmente, faz parte da cultura desse país.
Mesmo trabalhando há uma década para garantir vidas mais dignas para essas meninas africanas, só em 2015 ela conseguiu, enfim, que fosse instituída a maioridade de 18 anos para uniões civis no Malauí. Essa lei já vale em países como o Brasil, por exemplo, onde é crime o casamento com menores de idade. Mas Theresa ainda luta para aumentar esta idade para 21 anos, ainda conforme publicação da revista Cláudia. Outra pauta defendida pela ativista é a extinção de rituais que iniciam garotas sexualmente. Neles, as crianças aprendem “como agradar aos homens”, realizando danças estimulantes. Por mais absurdo que possa parecer, no Malauí, é comum se deparar com meninas gestantes aos 12 anos, por exemplo.
Como o país é muito pobre, até as próprias famílias estimulam estes casamentos, antes da hora, pois veem na saída de suas filhas de casa uma forma de diminuir os gastos.
É por isso que tanto o matrimônio como as próprias gestações, acabam recebendo o “aval” das famílias, porque para eles isso é algo normal. Consequentemente, muitas meninas, sejam elas crianças ou adolescentes, acabam vítimas de agressões, estupros e exploração de seus próprios maridos, quando o casamento deveria ser o último de seus objetivos.
É surreal que, em pleno século 21, crianças estejam sofrendo todo esse tipo de violência, mas ainda existem pessoas como Theresa, que nunca desistem de lutar pelos direitos e pelo bem-estar das crianças.