Deu no Estadão
Defendendo a complementaridade do papel do poder público e privado em um país, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou que a função do Estado é dar um rumo para a sociedade quando necessário. O ex-presidente citou o exemplo da pandemia de Covid-19 e criticou rapidamente a postura do governo federal diante da crise.
“Na pandemia, ficou claro que as pessoas querem regra, querem saber o que pode e o que não pode. E cobra do Estado que o Estado não está sendo mais exigente. Muda o ministro da Saúde toda hora. Não pode. Falta um caminho, falta um rumo. Em que nós vamos nos apoiar, o que é certo ou errado nessa questão? A preeminência do setor público nesses momentos dramáticos acontece”, disse, no 3º Encontro Nacional de Liderança e Gestão Pública do CLP – Liderança Pública, que ocorre neste sábado (5) de forma virtual.
PRIVATIZAÇÕES – FHC também defendeu privatizações, agenda que foi significativa em seu governo. “Por que não permitir ao setor privado participar do produto nacional se houver regras? O Estado precisa socializar as oportunidades, não quer dizer monopolizar “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o pleito municipal deste ano mostrou menor polarização, mas destacou que a eleição para a escolha de prefeitos nunca é “previsora” do que vai acontecer depois, sugerindo referência a 2022.
“A eleição municipal é um fim em si mesmo, não que queira dizer que no futuro vai ganhar esse ou aquele. Não está em jogo isso”, disse, durante participação no 3º Encontro Nacional de Liderança e Gestão Pública do CLP – Liderança Pública.
Mas o ex-presidente reconheceu que o clima melhorou nesta eleição, com a sociedade lidando com os problemas de maneira mais prática. “O que houve nessa eleição foi um clima que melhorou. Em vez de ser um clima de nós e eles, de ganha ou morre, foi um clima mais construtivo, acho que foi mais importante isso.”
ISOLAMENTO – FHC disse ainda que vê com preocupação quando há uma tendência de alguns setores na vida pública de ficar isolado. “Não dá para ficar isolado. Essa pandemia mostrou isso. Sei lá onde nasceu. Dizem que foi em Wuhan, na China. Não importa onde começou, porque se espalha rapidamente. O sentimento é global. A resposta para o desafio que temos não pode ser buscada pelo isolacionismo, mas com cooperação.”
O ex-presidente afirmou que espera que saiamos dessa crise com a capacidade de comunicar e que isso produza pontes, não muros. “A bíblia diz assim: No começo, era o verbo. No fim também é o verbo. Para convencer, você precisa falar. Não dá para falar, sem ouvir. Não pode ser a expressão só do que você deseja ou quer, mas do que você acha que é o caminho para todos.”