Deu no O Globo
A Polícia Federal realiza, na manhã desta sexta-feira, dia 23, uma operação de busca e apreensão em cinco endereços ligados a Nythalmar Dias Ferreira Filho, advogado de réus famosos da Lava-Jato. Segundo informações do Bom Dia Rio, as buscas aconteceram em Campo Grande, na Zona Oeste, no Centro, em Ipanema e no Catete, ambos na Zona Sul.
Nythalmar, conhecido como “o mais caro criminalista da Lava Jato”, é suspeito de vender um acesso facilitado ao juiz Marcelo Bretas e prometer penas mais brandas a seus clientes nas negociações de delações premiadas. O juiz não é investigado.
CLIENTES – Na sua lista de clientes já estiveram Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados; Fernando Cavendish, ex-dono da Delta Construções; Arthur Soares, empresário conhecido como Rei Arthur; José Mariano Beltrame, ex-secretário de Segurança do RJ; Júlio Lopes, ex-deputado federal.
No inquérito, que corre em sigilo, os investigadores anexaram informações que mostram as vezes que Nythalmar foi a presídios do Rio para visitar presos que já possuem advogados com o objetivo de tê-los como clientes. A investigação começou após advogados o representarem na OAB/RJ justamente por causa desta prática. Inclusive, diversos deles prestaram depoimento na PF na semana passada.
Um perfil publicado pela revista Época mostrou que Nythalmar Dias Ferreira Filho chegou a receber um apartamento na Zona Sul do Rio de presente do empresário Fernando Cavendish. O advogado atribuía seu sucesso a à sagacidade de entender que a Lava Jato era um “caminho sem volta”, aposentando “o formalismo jurídico que recorria à manobras processuais para evitar o julgamento do mérito”.
NEGOCIAÇÕES – Sua estratégia era partir direto para a negociação de colaborações premiadas com as autoridades, em troca da promessa de liberdade de seus clientes. “O acordo é um meio de defesa mundial. É mais econômico e tem resultado imediato. O cliente ganha uma segunda chance na vida”, afirmou à Época.
Em março de 2019, o Tribunal de Ética da OAB do Rio de Janeiro chegou a apurar a conduta de Nythalmar , após acusações de cooptação indevida de clientes da Lava-Jato com defesa constituída.