Planalto aprova indicação de ex-diretor do SBT por Fábio Faria para assumir comando da Empresa Brasil de Comunicação

Ideia é a de que militares em postos de diretoria sejam trocados

Gustavo Uribe
Folha

Ex-diretor do SBT, o publicitário Glen Valente vai assumir o comando do Empresa Brasil de Comunicações (EBC), do conglomerado de mídia estatal que responde pela TV Brasil, pela Agência Brasil e por diversas emissoras de rádio, incluindo a Rádio Nacional. O nome dele foi indicado ao Palácio do Planalto pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e a oficialização é aguardada para os próximos dias no Diário Oficial da União (DOU).

A solução interna foi adotada após não ter sido aprovada pela Casa Civil a indicação para a função do ex-diretor da Band José Emílio Ambrósio. Apesar de ele ter atuado em três emissoras televisivas, entre elas a Globo e a RedeTV!, ele foi impedido de ser nomeado por não ter diploma universitário na área.

REFORMULAÇÃO – A nomeação de um novo presidente faz parte de projeto de reformulação da empresa. Além da saída do general Luiz Carlos Pereira Gomes do comando da companhia, a ideia é a de que outros militares em postos de diretoria sejam trocados, como os coronéis Roni Baksys Pinto, diretor-geral, e Márcio Kazuaki, diretor de administração.

A indicação de Glen para o posto também tem como objetivo aproximar a EBC da Secom, comandada pelo empresário Fábio Wajngarten. Recentemente, as duas estruturas atuaram juntas para permitir a veiculação da serie D do Campeonato Brasileiro pelo conglomerado de comunicação. A ideia é que a programação da TV Brasil dê mais destaque a atrações esportivas na nova gestão.

O ministro das Comunicações é genro do empresário Silvio Santos, dono do SBT. A sua chegada teve como objetivo melhorar a relação do presidente Jair Bolsonaro com as emissoras de televisão, inclusive com aquelas que ele considera desafetos de sua gestão, como a Globo.

FATIA MENOR – Embora seja líder de audiência, a Globo, tida como inimiga por Bolsonaro, passou a ter fatia menor dos recursos na gestão do presidente. Record e SBT aumentaram expressivamente sua participação.

A EBC tem hoje mais de 1.800 funcionários e, no ano passado, teve uma despesa total de R$ 549 milhões, o que representou um déficit de R$ 87 milhões em relação às suas receitas próprias. Só com a folha de pagamento e encargos trabalhistas, o gasto foi de R$ 326 milhões.

A ideia discutida no governo é tentar diminuir a folha de pagamento, por meio de novos PDVs (Planos de Demissão Voluntária) e reduções de cargos comissionados, e vender parte da estrutura física. O patrimônio em equipamentos foi avaliado no início do ano passado em cerca de R$ 70 milhões.