Preso nesta quinta-feira (18) em Atibaia (SP), o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), morava na casa do advogado Frederick Wassef havia cerca de um ano, segundo informou à Polícia Civil um dos caseiros que estava na residência. Wassef é advogado da família do presidente Jair Bolsonaro.
“O caseiro informou que ele estava [havia] por volta de um ano aqui. Tinha dois funcionários no fundo da casa, em uma edícula”, revelou o delegado Nico Gonçalves à GloboNews.
Queiroz foi encontrado no imóvel de Wassef e levado à unidade da Polícia Civil no Centro da capital paulista.
Em setembro de 2019, Wassef disse ao programa Em Foco com Andréia Sadi, da GloboNews, não saber onde estava o ex-assessor. Afirmou ainda não ser o advogado de Queiroz (assista abaixo).
Nesta quarta-feira (17), Wassef participou da cerimônia em que o presidente Jair Bolsonaro deu posse ao novo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Advogado disse em entrevista à Sadi que não sabia onde estava Fabrício Queiroz
Ainda de acordo com o delegado Nico Gonçalves, dois celulares foram apreendidos pela equipe do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), além de documentos e uma quantia em dinheiro não especificada.
“Dois celulares foram apreendidos, alguns documentos que o Gaeco apreendeu que pode ser interessante para eles, e um pequeno valor que foi apreendido com ele, que eu não sei exatamente a quantia”, disse Nico Gonçalves.
O delegado também informou que Queiroz estava dormindo no momento da prisão, ficou surpreso, mas não ofereceu resistência. Teria dito apenas que estava doente.
“Ele estava dormindo, tranquilo, se mostrou surpreso, e só falou que está com a saúde muito abalada. Por isso estamos levando ele para um médico da policia”, afirmou o delegado.
Nico explicou que foi necessário arrombar a porta e cortar uma corrente para conseguir entrar no imóvel.
“Nós tocamos a campainha, talvez pelo adiantado da hora, eles não escutaram. Tinha uma corrente, nós precisamos cortar a corrente, e abrir a porta meio forçada para poder chegar até ele.”
Fabrício Queiroz é preso em residência de advogado de Flávio Bolsonaro em SP
Queiroz foi preso por volta das 6h desta quarta em uma ação da Polícia Civil de São Paulo e do Ministério Público de São Paulo. Por volta de 8h20, ele chegou à sede da Polícia de São Paulo, após realizar exames no IML.
Investigação
Policial militar aposentado, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada “atípica”, segundo relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf).
Ele trabalhou para o filho do presidente Jair Bolsonaro antes de Flávio tomar posse como senador, no período em que ele era deputado estadual no Rio.
No Rio, a Polícia Civil também fez buscas no início da manhã em um imóvel que consta na relação de bens do presidente Bolsonaro, em Bento Ribeiro, Zona Norte da capital fluminense.
De acordo com a investigação em São Paulo, o imóvel onde Fabrício Queiroz estava, em Atibaia, começou a ser monitorado há 10 dias, a pedido de promotores do Rio.
Informações de um celular apreendido indicava que ele estaria vivendo lá, escondido. O imóvel é uma casa ampla, usada como escritório pelo Fred Wassef. Toda a operação foi conduzida em sigilo.
Justiça do Rio determinou prisão
Os mandados de busca e apreensão e de prisão contra Queiroz foram expedidos pela justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A prisão foi feita numa operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo.
Segundo um delegado que participou da operação, foi preciso arrombar o portão e a porta da casa onde Queiroz estava. Ele não resistiu e só disse que estava muito doente.
Movimentação de R$ 1,2 milhão em 2016 e 2017
Queiroz foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro de 2018, quando foi exonerado. O procedimento investigatório criminal do Ministério Público Estadual do RJ que apura as irregularidades envolvendo Queiroz na Alerj chegou a ser suspenso por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, após pedidos de Flávio Bolsonaro em 2019.
As investigações envolvem um relatório do Coaf, que apontou operações bancárias suspeitas de 74 servidores e ex-servidores da Alerj. Recursos usados para pagar funcionários na Alerj voltavam para os próprios deputados estaduais.
A movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz ocorreu, segundo as investigações, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, incluindo depósitos e saques.