Por Jose Adalbertovsky Ribeiro – Jornalista e escritor
MONTANHAS DA JAQUEIRA – Falam em manifestações democráticas e antidemocráticas. São bandeiras verde-amarelas, vermelhas, infravermelhas, ultravermelhas, policromáticas, escarlates, furta-cores, cor de chumbo.
Golpe? Ameaças às instituições? A democracia guenta o rojão. Ofensas se dissolvem no ar. Efeitos pirotécnicos saem na urina, sem risco de ruptura institucional. É o efeito diurético da democracia. Existem ferramentas legais para enquadrar malfeitores. Compete às autoridades impor limites aos radicais de todas as colorações, noves fora os provocadores. Convém não superestimar.
Que golpe? O ministro do STF, Luis Roberto Barroso, decifrou a charada: “Eu me espanto às vezes com algumas manifestações, mas não vejo ator institucional com cacife para dar um golpe”.
A guerra da comunicação é feroz e os inquilinos do Planalto estão perdendo as batalhas. Vem por conta da dominação esquerdófila plantada há décadas na mídia, nos meios acadêmicos e artísticos e culturais.
Atualmente, em sendo um movimento chamado de politicamente correto, beleza. Mas, se uma bandeira assanhar um fio de cabelo de uma cabeça supremacista, dirão que é manifestação antidemocrática.
O capitão falou: “(….) arranja uma maneira de entrar e filmar” nos hospitais de campanha para saber se os leitos estão ocupados ou não. O sarrafo está cantando no lombo dele. Já foi comparado até com Adolfo Hitler, com licença dessa palavra diabólica.
O bode rouco falou em tom de celebração, no seu modo de ser paulista de Caetés: “(….) ou seja, sabe, ainda bem que a natureza criou esse monstro chamado coronavírus …”. Se fosse dito pelo capitão ele seria, no mínimo, impichado, capado e fuzilado. Ou seria decretada a 3ª Guerra Atômica Mundial.
Os vermelhos recebem todas as indulgências, o capitão recebe todas as penitências.
A pandemia da corrupção, aí são outros quinhentos e ameaçam, sim, as instituições. A conta cai nas costas dos cofres públicos. Os cofres caem nas costas da população. A conta chega sob a forma de recessão, desemprego e violência, a bagaceira geral.
Nos tempos áureos da dinastia vermelha, havia um mantra: “Não podemos criminalizar os movimentos sociais”.
Lembro-me como se fosse anteontem, dia 5 de junho de 2006: durante “manifestação democrática”, ativistas do Movimento de Libertação dos Sem-Terra invadiram e depredaram dependências da Câmara dos Deputados em Brasília. Mas, quem haveria de enquadrar os combatentes revolucionários?!
Golpe é a “ditadura democrática” do AI-19-Covid, o poder das autoridades supremacistas, o arbítrio dos governadores e prefeitos para editar decretos infames e torturar os cofres públicos nos porões dos contratos milionários sem licitação.