O parque faz parte da vida. Por FRANCISCO DACAL

 Por FRANCISCO DACAL – Escritor e administrador de empresas

Lugar de bem-estar e democrático, o parque é o principal espaço de convivência humana das cidades, pela capacidade de agregar recursos para recreação e pelas múltiplas energias positivas que podem atrair ao lazer. Ademais, modernamente, cultiva a natureza, um estímulo à preservação do meio ambiente.

No Recife, temos belos parques, em diversos bairros, como o antigo 13 de Maio, o de Santana, o Dona Lindu, o da Macaxeira, o Sítio da Trindade, o Caiara e o da Jaqueira, cada um com suas histórias.

E história é o que não falta, nos parques. Pessoas se conhecem. Amizades surgem. Afetos brotam. Negócios evoluem. Problemas são solucionados. Tratamentos iniciam-se. Famílias crescem. Informações são divulgadas. Encontros são marcados. Viagens anotadas. Farras combinadas. Paternidades decifradas. Livros indicados. Filmes recomendados. Brigas apaziguadas. Mortes anunciadas. Vitórias comemoradas. Acordos firmados. Tristezas resignadas. Novidades contadas. Dúvidas esclarecidas. Passado relembrado…

Ocorre que, uma melancolia tomou conta dos parques e dos seus frequentadores, a partir do longo isolamento social estabelecido pelas autoridades da área da saúde, para combater a expansão do coronavírus (Covid-19). Apesar disso, alguns dos usuários continuaram a fazer caminhadas nos equipamentos, decerto que com os devidos cuidados, usando máscaras e mantendo a distância regular de segurança, de um para o outro. Mesmo assim, dada à preocupação com a doença, foi estabelecido um confinamento para todos os nossos parques. Inicialmente, a ordem era para serem fechados nos finais de semana, porém a decisão foi estendida para que acontecesse por vários dias corridos, ficando eles no aguardo oficial de liberação.

Uma medida rigorosa, porém necessária, no atual estágio crítico de propagação do vírus; o objetivo é proteger ao máximo a população.

Notícias vindas da região da Jaqueira dão conta de que o Parque local, inerte, é um desalento. Entre todos, ele é o de maior fluxo. Diante dessa situação, além de sentirem, de longe, a falta do badalar dos sinos da secular Capela de N. S. da Conceição das Barreiras, lá construída, a orfandade tocou os frequentadores do recinto, eventuais e tradicionais, mais fortemente nos habitues. Falam até da existência de parque dependentes.

São compreensíveis as medidas sanitárias. Todavia, é inegável que elas influenciaram as vidas dos Adalbertos, Fredericos, Magnos, Manuels, Adrianas, Ricardos, Joaquins, Ítalos, Nestores, Gislenes, Melchiades, Rogérios, Dílvias, Maurícios, Robertos, Eduardos, Fernandos, Ivans, Alexandres, Gustavos, Paulos, Rodolfos, Andrés, Lilianas, Aníbals, Marcelos, Otávios, Josés, Carlos, Laietes, Antoninos, Rodrigos, Ferreiras, Luíses, Ivonedos, Franciscos, Rubens, Pedros, Antônios e tantos outros nomes de frequentadores, matutinos e vespertinos, conhecidos ou anônimos, que, diuturnamente, vão desfrutar de uma caminhada, corrida ou ginástica, e, claro, das amizades, enriquecendo a história do lugar com o bom e velho bate-papo, sem diferenças nem preconceitos, mesmo que seja por minutos.

Que volte à vida, todos os parques – do Recife, do Brasil e do Mundo!