Juiz citou risco de fuga para manter ex-jogador e seu irmão Assis em prisão preventiva em Assunção. Os dois são acusados de utilizar documentos falsos
Ronaldinho e Assis não puderam comparecer à audiência. Seus advogados apresentaram uma imóvel no Paraguai que seria usado para a prisão domiciliar. O juiz do caso não acatou o argumento e citou o risco de fuga – caso retornassem ao Brasil, os irmãos não poderiam, por lei, ser extraditados para o Paraguai.
“É de responsabilidade minha, do poder judicial, garantir a continuidade dessa investigação. Não podemos correr o risco de essa investigação acabar por causa de uma fuga ou de uma saída do Paraguai”, declarou o juiz Gustavo Amarilla. “Não gostaríamos de causar a obstrução da investigação e facilitar a fuga dos imputados”, completou, segundo informações da rádio paraguaia Ñanduti.
Amarilla citou ainda que há indícios de participação dos irmãos em novos crimes. “Nossa verdadeira intenção é investigar o uso dos documentos falsos, mas também estamos analisando temas como associação criminal”, disse. “A defesa sustenta que os dois foram presenteados com os documentos. Há milhares de hipóteses.”
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Entenda o caso
Ronaldinho e Assis foram alvo de uma batida policial na noite da última quarta-feira, 4, em um hotel na cidade de San Lorenzo, nos arredores da capital Assunção, depois de ser constatado que ambos entraram no Paraguai utilizando um passaporte e uma cédula de identidade adulteradas – ainda que, de acordo com as normas do Mercosul, precisassem apenas de um documento brasileiro válido para entrar em qualquer país da região.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao qual VEJA teve acesso, Ronaldinho e Assis alegaram que foram ao Paraguai a convite de Nelson Belotti, empresário brasileiro e dono do cassino Il Palazzo, nos arredores da capital Assunção. Segundo os próprios, eles foram contatados por uma entidade chamada “Fraternidade Angelical”, da empresária Dália López, para a participação de uma série de eventos, incluindo o lançamento do livro do ex-jogador.
Também foram detidas duas mulheres, identificadas como María Isabel Gayoso e Esperanza Apolonia Caballero, apontadas como donas dos documentos adulterados. Em entrevista ao diário ABC Color na sexta-feira, o advogado Adolfo Marín, que integra a equipe que defende Ronaldinho, afirmou que o jogador não agiu de má fé. “Ele poderia ter entrado no país com seus documentos brasileiros. Não é perito em documentos. Ele pensou que havia recebido documentos (paraguaios) de cortesia, de maneira honorária”, justificou o advogado.
Um dos advogados de Ronaldinho chegou a tratar como “grande incógnita” os motivos que o levaram a usar um documento paraguaio falso se poderia entrar no país com seu RG brasileiro. O promotor do caso, Osmar Legal, levantou uma suspeita. “Um brasileiro com documentação paraguaia poderia ter a vantagem de participar de negócios em algumas empresas no país, que não seriam dadas sem a cidadania paraguaia”, afirmou, em entrevista.
Fonte: VEJA