CPI aciona polícia legislativa para identificar autor de conta acusada de disseminar fake news

Documentos encaminhados ao colegiado revelam que perfil foi movimentado pela rede do Senado 95 vezes entre fevereiro e maio de 2019

Amanda Almeida e Bruno Góes

O presidente da CPI das Fake News, senador Angelo Coronel (PSD-BA), decidiu, nesta terça-feira, acionar a Polícia Legislativa da Casa para identificar os computadores do Senado que foram usados para editar a página “snapnaro” no Instagram. Conforme o Globo mostrou nesta terça-feira, documentos encaminhados pela rede social ao colegiado revelam que a conta foi movimentada pela rede do Senado 95 vezes entre fevereiro e maio de 2019.

O Facebook, dona do Instagram, forneceu os IPs — espécie de identidade virtual — que foram usados para o acesso de contas denunciadas na CPI das Fake News em depoimento da deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) em 4 de dezembro do ano passado. A “snapnaro” foi uma delas. Segundo Joice, elas eram usadas para disseminação de fake news e atacar adversários do presidente Jair Bolsonaro. A expectativa de Coronel é que, com o número de IP, a Polícia Legislativa inicie a investigação para chegar ao autor do acesso à conta no Senado.

Poucas horas depois do fim da oitiva de Joice, a conta “snapnaro” foi apagada. A página havia sido criada em maio de 2017. Segundo documento enviado pelo Facebook, o autor se chama Arthur da Motta. A empresa não informou o CPF do usuário, que usou o e-mail arthurdamotta1979@outlook.com para criar a conta.

Foram feitos 95 acessos pela rede do Senado durante os quatro meses citados. Nas publicações apagadas, o perfil divulgava notícias de blogs elogiosos a Bolsonaro e atacava parlamentares que romperam com o presidente. O vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) já interagiram com a conta e repercutiram suas publicações.

A lista enviada à CPMI — que traz outros milhares de acessos ao perfil, inclusive em outras cidades, como São Paulo, São Luís (MA), Saquarema (RJ) e Alegre (ES) — não detalha o que o usuário fez ao entrar na conta. Segundo Joice Hasselmann, a página integrava o “SECRETO2 G.O”, um grupo privado de conversas no Instagram do qual participavam outras cinco contas. A deputada acrescentou que todas as páginas foram usadas para difamar adversários de Bolsonaro. Ela própria, depois de romper com o presidente e ser retirada da liderança do governo, virou alvo do grupo. A parlamentar entregou aos colegas cópias de conversas e laudos que atestariam sua autenticidade.

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