É a primeira vez que o bloco desfila fora da capital pernambucana com as atrações típicas
Por Leo Branco
A réplica do galo também chegou menor à capital paulistana, com 4,5 metros de altura, contra os 28 metros do boneco que percorre o centro recifense desde 1978. Para compensar, foram trazidos quatro esculturas.
Ao som de um repertório de muita música popular em ritmo de frevo, cerca de 500 dançarinos foram trazidos de Pernambuco para animar a festa. Com roupas coloridas e o indefectível guarda-chuvinha, todos faziam passos típicos para o delírio dos foliões separados por uma grade. Uma banda de maracatu também está em São Paulo acompanhando o cortejo. O bloco foi marcado por palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro, gritados em massa pelo público.
É a primeira vez que o bloco, apelidado de “o maior do mundo”, desfila fora da capital pernambucana com as atrações típicas. Tradição do bloco, as esculturas de isopor imitando galos também deram as caras no desfile. Segundo Rodrigo Menezes, vice-presidente do bloco, os galos vieram a São Paulo de caminhão. A viagem durou cinco dias. Após o cortejo, as esculturas voltam à capital pernambucana.Ao que tudo indica, tomarão novamente a estrada em 2021 — o bloco deve ser uma atração fixa da folia paulistana.
O desfile do bloco em São Paulo começou por às 10h e deve seguir até o monumento às Bandeiras, num trajeto de cerca de 500 metros. A previsão é que termine por volta das 15h. A festa está sendo animada por dois trios elétricos, um deles com a participação da cantora Fafá de Belém. Num dos momentos mais emocionantes, a banda tocou Sampa, de Caetano Veloso, ao som de frevo, para emoção do público.
Com cerca de 5,6 milhões de nordestinos morando no estado, segundo estatísticas do IBGE de 2015, muitos pernambucanos radicados em São Paulo chegaram em peso no desfile. São pessoas como a dona de casa Juceia da Silva, de 62 anos, natural do bairro da Casa Amarela, na capital pernambucana e há 40 anos morando em São Paulo. Juceia já esteve três vezes no Galo do Recife, a última delas em 2018.
— O bloco me dá uma saudade enorme de terra natal. Me sinto representada por tudo aqui — disse Juceia, que estava fantasiada de dançarina de frevo e com direito a tradicional sombrinha colorida.
A expectativa era tamanha com a versão paulistana do Galo da Madrugada que a pensionista Maria José da Silva Maravilha, de 59 anos, também natural do Recife e moradora de São Paulo há três décadas, comprou pela internet uma camisa oficial do bloco recifense. Pelo adereço, pagou R$ 30.