LITERATURA
Ariano Suassuna
O escritor e poeta paraibano Ariano Suassuna, no soneto “A Mulher e o Reino”, exalta a amada, revolta-se contra a razão e imortaliza o amor
A MULHER E O REINO
Ariano Suassuna
Oh! Romã do pomar, relva esmeralda
Olhos de ouro e azul, minha alazã
Ária em forma de sol, fruto de prata
Meu chão, meu anel, cor do amanhã
Oh! Meu sangue, meu sono e dor, coragem
Meu candeeiro aceso da miragem
Meu mito e meu poder, minha mulher
Dizem que tudo passa e o tempo duro
tudo esfarela
O sangue há de morrer
Mas quando a luz me diz que esse ouro puro
se acaba por finar e corromper,
Meu sangue ferve contra a vã razão
E há de pulsar o amor na escuridão