De Caravaggio a Frida Kahlo, as pinturas estão repletas de segredos amorosos escondidos em suas representações
Na história da arte, o retrato do pintor flamengo Antoon van Dyck de Isabella Brant – a esposa de seu mentor Rubens – é visto como uma homenagem ao pintor que o ajudou em sua carreira.
Mas, segundo uma nova interpretação de John Harvey, professor de Cambridge, Isabella e Van Dyck eram amantes, como sugere o sorriso malicioso dela no retrato. Nesse caso, o suposto romance faz parte de uma longa tradição de segredos amorosos revelados na representação artística, que se estende de Caravaggio a Frida Kahlo.
Nos anos 1600, um viajante inglês em Roma viu o quadro O amor vitorioso, de Caravaggio, no qual um Cupido olha com um sorriso zombeteiro alguns símbolos da cultura humana, como um alaúde, uma bússola e um manuscrito. Ao admirá-lo, uma pessoa lhe disse que o quadro era o retrato de Cecco, o jovem amante de Caravaggio. Esse jovem foi seu modelo em outros quadros, como O sacrifício de Isaac e São João Batista no deserto.
Assim como Caravaggio, Leonardo da Vinci retratou seu aluno Salaì, com quem diziam ter um romance, no quadro São João Batista.
Em 1460, Filippo Lippi retratou sua amante Lucrezia como uma Madona, com um olhar terno para Jesus Cristo. O caráter profano do quadro não reside na ousadia de pintar a amante como a mãe de Cristo, e sim pelo fato que Lippi era padre e Lucrezia freira.
O quadro Judite e a cabeça de Holofernes, de Cristofano Allori, é mais um exemplo de uma representação artística de um amor proibido. Segundo comentários de contemporâneos, a pintura retratava a história de amor infeliz de Allori e sua amante Maria de Giovanni Mazzafirri. A figura da criada de Judite inspirara-se na mãe de Mazzafirri, a quem ele culpava de ter destruído o romance deles.
A pintora Élisabeth Vigée Le Brun foi uma das muitas pessoas que se apaixonaram pela bela Emma Hamilton, esposa do embaixador britânico em Nápoles e amante do almirante Nelson. Essa artista aristocrata e amiga íntima de Maria Antonieta fez quatro retratos de Emma, entre os quais um em que ela posou nua.
Picasso descreveu suas experiências amorosas nos quadros. Suas musas eram homenageadas e punidas de acordo com as oscilações da paixão. Picasso também celebrou a famosa história de amor entre Rafael e sua amante La Fornarina em uma série de desenhos. E, segundo suposições, no quadro As três dançarinas ele retratou seus amigos Ramon Pichot, sua esposa Germaine Gargallo, e Carlos Casagemas, amante de Germaine, que se suicidou devido à decepção amorosa.
Por fim, a história de amor tempestuosa entre Frida Kahlo e Diego Rivera é descrita com profundo realismo no autorretrato da artista pintado em 1943.
Fonte:
The Guardian-Private passions: the sexual secrets hidden in the world’s greatest art