Obras são sugeridas pela própria equipe da novela; livro campeão de alta nas buscas foi ‘O mágico de Oz’
Segundo um levantamento feito pela plataforma de comércio eletrônico Zoom, o aumento nas buscas por títulos citados na novela chegam a 15%. A pesquisa foi solicitada pelo EXTRA em homenagem ao Dia Nacional do Livro, comemorado nesta terça-feira (dia 29). Rosane Svartman e Paulo Halm , autores da novela, dizem que estimular a leitura entre os espectadores é parte do desejo deles.
— Essa é nossa ambição ou nosso sonho. Uma telenovela fala para um público tão massivo, tão numeroso, que seria maravilhoso se uma parcela desse público ficasse a fim de ler, não só os livros que citamos, mas qualquer livro. — comemora Rosane.
Sugestão de Fagundes
A autora explica que as sugestões vêm a partir do repertório de toda a equipe e também perguntando para amigos.
— A sugestão de Cyrano de Bergerac, por exemplo, foi do Fagundes. Estávamos procurando um livro de um personagem que se sacrificava por amor e ele deu esta sugestão.
Segundo a dupla de autores, os livros citados na novela dialogam com o momento vivido pelos personagens. Mas os livros também ajudam a compreender a essência deles.
— Marcos é Peter Pan, Nana revive com seu pai o drama de “A bela e a fera”, Alberto tem como seu companheiro inseparável o personagem Dom Quixote de La Mancha, de Cervantes. Além dos livros, também citamos poemas, trechos de músicas, filmes… Isso é uma coisa que fazemos desde “Malhação” — conta Paulo.
A novela começou no dia 29 de julho. E o livro campeão de alta nas buscas foi “O mágico de Oz”, escrito por L. Frank Baum, um dos primeiros a aparecer na trama — na maioria das vezes, durante leituras feitas por Alberto e a neta Sofia (Valentina Vieira).
As buscas realizadas de agosto deste ano foram comparadas com as pesquisas feitas no mesmo período do ano passado. Neste caso, o resultado também deve ter sido impactado pela proximidade dos aniversários, que seriam comemorados em setembro: de 120 anos do livro e 80 anos do filme baseado na história.
Nomes de filhos inspirados em clássicos
E quem nunca se identificou com uma personagem de um livro? O segundo lugar no ranking de aumento das buscas provocou lágrimas e sonhos durante as viagens de trem de Paloma. “A letra escarlate”, de Nathaniel Hawthorne, na mesma base de comparação, teve alta de 10% nas buscas.
— A menção de livros em novelas acaba, de certo modo, influenciando o comportamento do consumidor, que por curiosidade sobre o título ou sobre o seu autor vai em busca daquela obra. O livro “A letra escarlate”, por exemplo, mostrou um aumento de 10% nas buscas comparando agosto de 2018 com agosto de 2019. Ou seja, uma das obras-primas da literatura mundial, de 1850, está em alta, ao lado de títulos da atualidade. Isso é muito interessante — diz Thiago Soares, especialista de produtos do Zoom.
O aumento na procura por “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, foi de 10%. O livro preferido de Paloma inspirou o nome de sua filha mais velha (Bruna Inocencio) e foi também o codinome pelo qual ela ficou conhecida por Marcos, após seu primeiro encontro amoroso com o personagem vivido por Rômulo Estrela.
Todos os nomes dos filhos de Paloma saíram, aliás, de clássicos da literatura: o nome da filha do meio, Gabriela (Giovanna Coimbra), é uma homenagem à obra “Gabriela, cravo e canela”, de Jorge Amado. As buscas superaram, em 6%, mesmo o resultado de agosto de 2018, quando a história completou 60 anos. Peter Pan, personagem criado por J. M. Barrie, dá nome ao seu terceiro filho (João Bravo). Mas as referências na novela não param por aí: o menino que não cresce também dá nome ao bar fictício de Marcos em Búzios e virou o apelido do próprio galã na trama.
Editora tem investigação e romance
Funcionário da editora Prado Monteiro, Felipe (Arthur Sales) é aficionado pelas histórias de Sherlock Holmes, e tem uma paixão platônica por Irene Adler, personagem do mesmo universo. Para conquistá-lo, Evelyn (Mariana Molina) passou a encarnar a figura sedutora de Adler, a partir de enredos criados pelos colegas de trabalho Taíssa (Yasmin Gomlevski) e Jeff (Felipe Haiut).
— Eu me sinto muito feliz de estar num projeto que é cheio de diversidade de gente e pluralidade de ideias. Brincar com os personagens do Arthur Conan Doyle foi superdivertido, e foi a partir desse mergulho no universo do Sherlock Holmes que o Jeff pôde descobrir o talento em investigar crimes — avalia Felipe Haiut: — É fundamental, no momento em que vivemos, a gente abrir espaço para o lúdico, para a reflexão que a literatura traz. Através dos livros, a gente expande a nossa habilidade de compreender o mundo. É uma das maneiras de sair da nossa bolha e enxergar pelo olhar do outro. Fora o estímulo, há as referências que a novela traz e a popularização desse hábito em larga escala.
As buscas pela trama de investigação e romance, criada por Arthur Conan Doyle, aumentaram 3% em setembro deste ano, quando o núcleo ganhou destaque na novela, frente ao mesmo mês do ano passado.