Flávio José Bortolotto
A desnacionalização da economia (crescimento relativo das empresas com matriz no exterior e decrescimento relativo das empresas nacionais) é ruinosa porque só a empresa nacional gera tecnologia nacional e capitaliza 100% aqui dentro. Em termos de importância e produtividade numa economia, temos: 1) empresa privada nacional; 2) empresa estatal nacional; 3) empresa com matriz no exterior.
Daí que, quando vendemos uma empresa estatal para uma empresa privada nacional, há um ganho de produtividade na economia do país. E ao contrário, quando vendemos um empresa estatal ou uma empresa privada nacional para uma empresa com matriz no exterior, temos grande perda na economia do país.
DIZIA LACERDA – Assim vemos que para otimizar o excedente numa economia, devemos ter o máximo possível (pelo menos a maioria) de empresas com matriz no Brasil. É por isso que o grande governador Carlos Lacerda sempre dizia “capital bom é o capital nacional”, mas por ter essa clarividência, não chegou a Presidência do Brasil.
Lacerda contrariava, como contraria hoje e sempre os interesses do capital internacional. Porém, independentemente do grau de produtividade da economia nacional, que atingiria o máximo de gerar excedente se houvesse maioria de empresas privadas nacionais, e o mínimo com empresas com matriz no exterior, o mal maior da economia é o governo (federal, estaduais e municipais) gastar bem mais do que arrecada, e se endividando para fechar a conta.
GASTANÇA – O governo consome cerca de 43% do PIB (Produto Interno Bruto), com 34% de carga tributária + 9% de déficit nominal, o que leva em conta a amortização e juros da dívida Pública, com isso estrangula a economia produtiva de bens e serviços.
Toda essa crise atual é efeito do déficit fiscal causador de endividamento crescente, e também devido à perda de confiança de que o governo vai honrar seus compromissos financeiros em futuro breve, se não se fizer nada para remediar o problema.
Por tudo isso, o governo deve procurar vender só ativos não estratégicos para empresas com matriz no exterior e os estratégicos exclusivamente para empresas privadas nacionais. Ao mesmo tempo, deve manejar os pedais e alavancas para baixar o custo do governo dos atuais 43% do PIB, para 30% do PIB em 8 anos, “segurando o custo do governo”, e aumentando ao máximo o crescimento da economia.
É difícil, mas não é impossível. E falta a chamada vontade política.