Façam as apostas! A advertência do general Villas Bôas vai enquadrar o Supremo?

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Charge do Duke (dukechargista.com.br)

Carlos Newton

A situação do presidente João Goulart tem poucas semelhanças com a crise vivida desde o início do governo por Jair Bolsonaro. Em 1964, Jango comprou muitas brigas simultâneas com vários setores empresariais, houve a quebra de hierarquia na Marinha, a grande maioria da classe média apoiava o golpe, o presidente petebista não tinha sustentação. Agora, embora Bolsonaro também não demonstre controle e competência para chefiar o governo, o que mais incomoda os militares é esse pacto dos Três Poderes para garantir a impunidade de dois filhos do presidente, Flávio e Carlos, dos ministros do Supremo que têm movimentações financeiras atípicas e dos políticos e empresários envolvidos em corrupção (não necessariamente nesta ordem).

NEM CHEFE NEM DATA – Em 1964, a revolução não tinha chefe nem data. Em seu detalhado livro de memórias, o general Jaime Portela conta que, quando quiseram marcar a data do golpe, um dos generais derrubou o acerto, alegando que não se deveria iniciar nada “em época de Lua Nova”.

E a revolução sem data só aconteceu porque o general Olimpio Mourão Filho decidiu colocar suas parcas tropas nas ruas, rumo ao Rio de Janeiro, e o golpe teve de ser iniciado.

Desta vez, o quadro é diferente. Existe um chefe militar com ascendência sobre os demais, o general Eduardo Villas Bôas, que recentemente advertiu o Supremo para que não libertasse Lula e agora repetiu a dose, na última quarta-feira, dia 16, após ter recebido em casa a visita do presidente Bolsonaro.

ESCREVEU VILLAS BÔAS – “Experimentamos um novo período em que as instituições vêm fazendo grande esforço para combater a corrupção e a impunidade, o que nos trouxe — gente brasileira — de volta a autoestima e a confiança. É preciso manter a energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro venha a cair outra vez no desalento e na eventual convulsão social”, escreveu Villas Bôas, sem meias palavras.

Há quem acredite nas ameaças do general, que é a maior liderança das Forças Armadas, e na primeira vez em que ele se manifestou, o Supremo ficou encagaçado e deixou Lula na cadeia.

Mas há também quem não acredite, como o indômito general Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo. Em declaração à revista Época, Ramos disse que não há hipótese de uma “convulsão social” caso o STF derrube a prisão em segunda instância:

DISSE RAMOS – “Não há risco. O país já teve um amadurecimento grande, não há esse risco”, disse Ramos, que defende o sinistro pacto entre os Três Poderes, uma possibilidade inexistente em regimes democráticos desde 1748, quando houve o lançamento da obra “O Espírito das Leis”, pelo barão de Montesquieu.

Num ponto o ministro Luiz Eduardo Ramos tem razão. Não haverá convulsão social caso o Supremo declare oficializada a corrupção, porque o povo está descrente, decepcionado e desmotivado em relação à política.

Mas ninguém sabe o que pensam e o que farão os militares,  atualmente  tratados a pão-de-ló por Bolsonaro, que os poupou na Previdência e vai reajustar os soldos. E como as verbas foram cortadas, os quartéis estão trabalhando meio expediente, sem nada para fazer. Mas será que os militares brasileiros seriam assim “compráveis” por 30 dinheiros? Tenho cá as minhas dúvidas.

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P.S. 1 – No Supremo, há cinco votos garantidos na bancada da impunidade, formada por Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Marco Aurelio Mello, que são considerados “casos perdidos”.

P.S. 2 – Falta apenas um voto para consagrar esse retrocesso jurídico, que pode ser de Alexandre Moraes ou de Rosa Weber. Espera-se que esses dois ministros saibam resistir à tentação, se afastem do mal e não provoquem os sentimentos éticos e nacionalistas da cúpula das Forças Armadas, que parece ter dado um aviso claro através do general Villas Bôas. (C.N.)

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