Alvo de operação da PF, relator da CPI dos Fundos de Pensão é suspeito de receber propina de R$ 9 milhões

Acordo feito para não incluir diretores da Petros e do Postalis

Pedro Prata
Fausto Macedo
Estadão

Em depoimento de delação premiada prestado em 2017, o operador de propinas Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR), alvo da Operação Grand Bazaar nesta segunda-feira, dia 21, cobrou R$ 9 milhões de propina para não convocar para depoimento na CPI dos Fundos de Pensão os executivos Wagner Pinheiro, ex-presidente do Petros, e Antônio Carlos Conquista, ex-presidente do Postalis.

A solicitação teria sido feita por Arthur Pinheiro Machado, amigo de Funaro e dono da Ágora corretora e Bridge. Funaro, então, perguntou sobre a viabilidade do pedido ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, mas ele disse que não havia nomeado nem o presidente nem o relator da CPI, respectivamente os deputados Efraim Filho (DEM-PB) e Sergio Souza.

Funaro relatou que, “(Eduardo) Cunha disse para conversar com Marcos Joaquim Gonçalves, advogado do escritório de advocacia Mattos Filho, para ver se ele teria uma solução já que era amigo de Sergio (Souza). Marcos voltou com a informação de que tal demanda era possível.”

PAGAMENTO – Ainda segundo o delator, ele teria se reunido em Brasília, numa casa no lago sul, com  o advogado Marcos Joaquim, Arthur Machado, o deputado Sergio Souza e um assessor deste. Nesta reunião teria sido acertada a propina de R$ 9 milhões. O dinheiro teria sido pago a Funaro por Arthur Machado, relatou o próprio operador de propinas, e os valores teriam sido creditados na sua conta junto ao doleiro Tony, por volta de agosto ou setembro de 2015.

“No dia marcado para Wagner Pinheiro ir depor na CPI dos fundos (de pensões), o seu depoimento acabou sendo desmarcado”, afirma Funaro. Ele ainda contou que durante a Operação Patmos, deflagrada pela Polícia Federal em 2017, foi levado um caderno seu de anotações do ano de 2015, no qual constaria uma anotação de contabilidade com a sigla ‘MJ’, que se referiria a Marcos Joaquim, seguida de valores dos repasses no caso mencionado.

GRAND BAZAAR – A lavagem de dinheiro envolvia a remessa de recursos desviados dos fundos de pensão para empresas de fachada nos Estados Unidos, segundo informou a PF, na operação denominada Grand BAzaar. Com a confirmação do recebimento de valores em contas indicadas no exterior, operadores disponibilizavam recursos em espécie no Brasil, a fim de que fossem entregues em endereços vinculados a supostos intermediários do parlamentar federal, tanto em residências em Brasília, como em hotéis em São Paulo.

As buscas e apreensões foram autorizadas por Celso de Mello, ministro do Supremo.

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