De acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) de São Paulo, o número de Carteira Nacional de Habilitação (CNHs) emitidas para condutores com deficiência auditiva aumentou 36% nos últimos anos. De 2013 até agosto de 2019, por exemplo, foram emitidas mais de 71 mil carteiras para motoristas surdos ou que usam prótese auditiva. Esses números refletem nos dados dos aplicativos que prestam esse tipo de serviço.
A Uber, empresa que chegou ao Brasil em 2014, contabilizou o aumento de 221% no número de parceiros cadastrados na plataforma que afirmam ter deficiência auditiva, entre 2018 e 2019. E a 99, fundada em 2012 por brasileiros, identificou o Recife como à capital com maior percentual de motoristas com a deficiência cadastrados em seu aplicativo.
Para melhorar a adaptação e inclusão, os aplicativos buscaram formas de sinalizar e facilitar a interação entre os motoristas e os usuários. “No Uber, quando aceito a corrida um aviso é enviado para o cliente. Assim ele sabe que tenho deficiência auditiva e, se precisar me informar algo ou saber alguma informação, me manda mensagem e não liga”, explica Bruno. Já no aplicativo 99, segundo Pedro Gomes, gerente regional da plataforma no Nordeste, o motorista surdo pode adquirir kits de identificações personalizadas que estão dentro e fora dos carros, na Casa 99.
Esses aplicativos facilitam a inclusão de pessoas surdas na sociedade, ação celebrada nesta quinta-feira (26) com o Dia Nacional do Surdo. “No momento estou desempregado e decidi entrar no aplicativo porque dirigir é uma das minhas vocações. No trânsito ganhei experiência e responsabilidade, além de bom campo de visão e muita atenção”, explica Bruno.
Dia Nacional dos Surdos
A data escolhida para celebrar o Dia Nacional do Surdo representa a criação da primeira escola de surdos no Brasil. No dia 26 de setembro, comemoram-se as conquistas da Comunidade Surda e a luta pela integração das pessoas com deficiência auditiva na sociedade. Uma dessas conquistas foi a oficialização da Libras como segunda língua nacional e a obrigatoriedade do seu ensino na formação de professores e da presença de um intérprete nos órgãos públicos.