Senadora do Mato Grosso, a juíza aposentada conhecida como ‘Moro de saias’ confirma filiação em novo partido
A senadora de primeiro mandato Selma Arruda (MT), juíza aposentada também conhecida como “Moro de saias“, disse ao Estado que decidiu sair do PSL, o partido do presidente Jair Bolsonaro. “São coisas graves, é uma pressão que vem de todo lado, e é por isso que eu vou sair do PSL“, afirmou. “Na próxima quarta-feira (18) vou me filiar ao Podemos.”
Na última terça-feira 10, em nota a imprensa, a parlamentar tornou público o conflito com a legenda: “A senadora Juíza Selma esclarece que, devido a divergências políticas internas, entre elas a pressão partidária pela derrubada da CPI da Lava Toga, está avaliando a possibilidade de não permanecer no PSL”, dizia o texto. “Selma confirma, ainda, que não vai retirar sua assinatura da CPI para investigar integrantes do Supremo.” Curta e insípida, a nota não reflete nem de longe o grau de tensão dentro da bancada.
Flávio Bolsonaro, acusado de embolsar parte dos salários dos servidores de seu gabinete quando era deputado estadual do Rio, está pressionando seus colegas a desistir da CPI e, assim, não importunar seus futuros julgadores. Até agora, ele fracassou na ofensiva, semeou desavenças e colheu novos adversários. Selma Arruda, por exemplo, resolveu se manifestar depois de receber um telefonema do filho mais velho do presidente. Com aquele estilo peculiar da primeira-família da República, o senador foi direto ao ponto: “Vocês querem me f… Vocês querem f… o governo”. Se a ideia era intimidar, não deu certo. “Ele me ligou alterado, dizendo que a gente estava prejudicando. Eu falei: ‘Baixa a bola. Você não está falando com… né? Me respeite’”, contou Selma Arruda a VEJA. “Ele não baixou a bola, e eu desliguei o telefone.” Em suas conversas, Flávio Bolsonaro esgrime sempre a mesma tese: a CPI da Lava Toga pode causar ruídos na relação entre Executivo, Legislativo e Judiciário, prejudicar a governabilidade e implodir uma relação harmônica construída entre os chefes dos três poderes.
Conhecida durante sua campanha por seu amplo apoio a Jair Bolsonaro, Selma disse em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada no sábado (14) que o PSL a incomoda “não apenas pela falta de solidariedade em relação a todo esse processo que eu estou enfrentando [de cassação do mandato], mas também em relação a essas pressões de membros do partido para tirar a assinatura do pedido de CPI da Lava Toga. Não tenho mais jeito de permanecer nesse ambiente.”
A senadora afirmou ainda que seu colega, o senador Major Olímpio, “também está com um pé fora do PSL.”
(Estadão Conteúdo)