Daniel Gullino
O Globo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, dia 28, que o “Brasil não tem preço” e que “20 milhões ou 20 trilhões é a mesma coisa”, em referência à oferta de países do G7 de uma ajuda de US$ 20 milhões para conter incêndios na Amazônia . Bolsonaro recebeu no Palácio da Alvorada o presidente do Chile, Sebástian Piñera, que participou do encontro dos paíeses ricos na França.
“Parece que 20 milhões de dólares é o nosso preço. O Brasil não tem preço, 20 milhões ou 20 trilhões, é a mesma coisa para nós. Qualquer ajuda, como disse o Piñera, de forma bilateral, podemos aceitar, até porque no futuro poderemos também ajudar outro país que tenha um problema semelhante”, disse Bolsonaro, ao lado do presidente chileno.
RETRATAÇÃO – Bolsonaro voltou a estabelecer como condição para negociar a ajuda dos países ricos a uma retratação do presidente da França , Emmanuel Macron, de declarações sobre ele próprio e a “internacionalização” da Amazônia. “No tocante ao governo francês, o fato de me chamar de mentiroso e de por duas vezes falar que a soberania da Amazônia tem que ser relativizada, somente após ele se retratar do que falou no tocante a minha pessoa, que representa o país como presidente eleito, bom como ao espírito patriótico do nosso povo, que não aceita relativizar a soberania da Amazônia. Em havendo isso daí, sem problema nenhum voltamos a conversar”, afirmou. Piñera declarou que cada país tem que decidir qual ajuda receber: “Cada país saberá qual colaboração quer receber, e qual não quer receber”.
Bolsonaro ainda disse que Macron quis se colocar como o único defensor do meio ambiente, mas que essa pauta é de “muitos países do mundo”. “No meu entendimento, houve um aproveitamento por parte do senhor presidente Macron para se capitalizar perante o mundo como aquela pessoa única e exclusiva interessada em defender o meio ambiente. Essa bandeira não é dele, é nossa, é do Chile, é de muitos países do mundo”, disse Bolsonaro. Segundo o presidente brasileiro, essa posição de Macron ganhou força porque ele é de “esquerda”: “Essa inverdade o Macron ganhou força porque ele é de esquerda e eu sou de centro-direita”.
“COMPORTAMENTO”– Informado de que, na França, Macron é considerado de centro, Bolsonaro afirmou que sabe que ele é de esquerda por causa do “comportamento”: “Para você, para mim, não. Para jornal francês…A gente sabe que ele é de esquerda por causa do comportamento”. De acordo com Bolsonaro, a atitude de Macron levou a um “sentimento patriótico” dos países das região amazônica, o que os conduziu a marcarem um encontro para a próxima semana, que deve ocorrer na cidade de Leticia, na Colômbia. Bolsonaro adiantou que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não será convidado.
“O que ele fez no tocante ao Brasil, primeiro ao ofender o presidente da República eleito democraticamente. Depois, mais de uma vez, relativizar a nossa soberania, isso despertou um sentimento patriótico do povo brasileiro, bem como de outros países daqui da América do Sul que fazem parte da região Amazônica. Tanto é que no dia 6 de setembro, estamos reunidos com esse presidente, exceto da Venezuela, para discutirmos uma política única nossa de preservação do meio ambiente e bem como exploração de forma sustentável da nossa região”, disse.