Alvo da 62ª fase da Operação Lava-Jato , deflagrada na semana passada, o presidente do Grupo Petrópolis , Walter Faria, se apresentou por volta das 12h desta segunda-feira à Polícia Federal , em Curitiba. Seu advogado informou que o objetivo é esclarecer os fatos. Faria teve a prisão preventiva decretada. As informações são da GloboNews.
No dia 31, a Polícia Federal deflagrou a operação que investiga pagamentos de propinas disfarçadas de doações eleitorais pelo Grupo Petrópolis. A PF cumpriu mandados de buscas e apreensões na residência de Faria, localizada no Condomínio Chácara Boa Vista, no município de Porto Feliz, interior de São Paulo. O empresário não estava em casa.
A Justiça decretou ainda prisão temporária, por cinco dias, de Vanuê Faria e Cleber Faria, sobrinhos do empresário, e três funcionários da cervejaria: Silvio Antunes Pelegrini, Naede de Almeida e Maria Elena de Sousa. Durante as buscas, os agentes apreenderam R$243, 3 mil em espécie. Foram apreendidos ainda celulares, discos rígidos de computadores, documentos e contratos.
De acordo com as investigações, Vanuê e Cleber são titulares de contas no exterior e teria havendo indícios de ocultação de valores às autoridades brasileiras.
Segundo despacho da juíza Gabriela Hardt, que assina os pedidos de prisão, há provas de que Walter Faria possuía complexa estrutura financeira de contas no exterior, que seriam tanto para movimentar propina para gerar dinheiro em espécie para repasse ao Grupo Odebrecht.
De acordo com a juíza, há provas de que essas contas movimentaram dinheiro de propina referente a dois navios-sonda da Petrobras — Vitória 10.000 e Petrobras 10.000 — cada uma destas contratações teria gerado USD 35 milhões em pagamento de vantagens indevidas a executivos da Petrobras e políticos.
Entre os beneficiados estariam políticos do MDB, que controlavam a área internacional da Petrobras. O lobista Jorge Luz, que assinou acordo de delação premiada, teria intermediado cerca de US$ 6 milhões em propina vinculada às sondas. Ele citou entre possíveis beneficiários o deputado federal Aníbal Gomes, o então Ministro Silas Rondeau e os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho. Luz e seu filho, Bruno Luz, disseram que o dinheiro aos políticos foi direcionado a conta em nome da off-shore Headliner Limited.
Uma das contas ligadas ao grupo cervejeiro foi usada, por exemplo, para pagamentos de vantagens indevidas a ex-auditores fiscais da Receita Federal, investigados na Operação Vulcano.
Operação Rock City
A 62ª fase da Lava-Jato — denominada “Rock City” — tem como base as delações premiadas dos executivos da Odebrecht . De acordo com os colaboradores, a cervejaria Petrópolis teria auxiliado a Odebrecht a pagar propina por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior, em uma operação conhecida como “operações dólar-cabo”.
Ainda de acordo com os delatores, a Odebrecht lançou mão do Grupo Petrópolis para fazer doações de campanha eleitoral para políticos entre 2008 e junho de 2014. O valor dos repasses seria de pelo menos R$ 120 milhões.
Em troca das doações, Faria teria recebido investimentos em suas empresas e participação em projetos da Odebrecht.
Para gerar reais em espécie, o Grupo Petrópolis teria burlado medidores industriais de fábricas, permitindo produção de cerveja sem pagar impostos. A produção não contabilizada oficialmente era vendida a bares, sem nota fiscal, viabilizando recursos em espécie.
Parte das operações ilegais entre a Odebrecht e a cervejaria está contida, segundo a Justiça, numa planilha denominada “Amizade” e entregue pela empreiteira.
Com informações do O Globo