O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, manteve a prisão temporária dos 4 presos no caso da invasão hacker de celulares de autoridades da república nesta 3ª feira (30.jul.2019). 2 dos 4 suspeitos relataram maus tratos nas prisões e na carceragem em que ficaram na capital.
Em audiência de custódia, o magistrado afirmou não haver novos elementos que o façam alterar sua decisão de ampliação da prisão temporária. O prazo da determinação que os mantém presos se encerra no dia 1º de agosto.
O juiz permitiu que, em caso de soltura, os suspeitos sejam levados de volta as suas cidades de origem, já que alegam não terem recursos financeiros para custear o retorno. Também determinou a transferência de presídio de Suelen Priscila de Oliveira, que alegou estar sofrendo maus tratos. Além de permitir o acesso das defesas, que ele reconheceu ser 1 direito, ao inquérito e às provas contidas nele. Os advogados reclamaram de dificuldade em acompanhar o processo.
Ela e o marido, Gustavo Henrique Elias Santos, teriam sido vítimas de piadas e não puderam contatar advogados ou familiares nos primeiros momentos após a prisão em São Paulo, segundo o relatado. Gustavo contou que estava sem roupas quando a polícia entrou na casa dos dois e que só foi autorizado a se vestir 1 tempo depois.
A jovem de 25 anos disse que os piores maus tratos ocorreram na prisão em que ficou em Brasília, a penitenciária feminina do DF, chamada de Colmeia. Segundo o advogado de Suelen, ela teria dito que preferia morrer a voltar para lá. Durante seu depoimento, ela chorou em diversos momentos.
“Me trataram mal, fizeram piadinhas, eu fiquei sem papel higiênico, tive que tomar água do chuveiro na penitenciária. Falaram que eu era a hacker, pra tomar cuidado com o celular, falaram essas coisas”, disse durante a audiência. Com a decisão judicial, ela saiu da 10ª vara diretamente para as instalações da PF no aeroporto, onde estava anteriormente, sem voltar para a penitenciária. Seu advogado fez o pedido, temendo, segundo ele, pela segurança de sua cliente.
No caso dos outros 2 suspeitos, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto, não fizeram reclamações a respeito da forma como foram tratados pelos policiais. Delgatti disse que foi bem tratado e que tudo que fez até agora “foi por livre e espontânea vontade”. Este, já chegou a confirmar à Justiça que, de fato, hackeou os celulares de autoridades.
No caso de Danilo Marques, ele afirmou que estava fazendo 1 curso de primeiros socorros da empresa na qual iria trabalhar como eletricista quando foi preso. Ele disse ter tido 1 grande prejuízo por conta da prisão, já que as outras pessoas da empresa teriam visto a abordagem e que a oportunidade de emprego ficaria prejudicada.
Ariovaldo Moreira, advogado de Gustavo Santos e Suelen de Oliveira, falou a jornalistas depois da audiência. Ele fez elogios à atuação do juiz, dizendo que é 1 magistrado garantista e que trabalha para que a verdade venha à tona.
“O próprio magistrado, nos meus requerimentos, ele dá conta da possibilidade de ele deferir hoje [a soltura] caso ele tenha material suficiente para dar essa determinação. Ele nega os nossos requerimentos referentes à revogação da [prisão] temporária, justamente porque ele não tem material para dar uma decisão”, explicou.
O Advogado acredita que é o juiz quer ter acesso às perícias realizadas para poder determinar quem tem ou não envolvimento nos crimes. “O que ele tem hoje pelo que eu senti é tão somente o depoimento dos envolvidos, ele não teve acesso pelo que eu vi às provas que foram colhidas até o momento”, completou.
Ariovaldo se diz convicto de que o magistrado irá conceder a liberdade a seus clientes ainda antes da próxima 5ª feira (1º de agosto).