Magistrado precisa ter ‘vergonha na cara e prudência na língua’, diz Fux, em crítica ao STF

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux em evento para investidores em SP Foto: Divulgação

Ministro Luiz Fux criticou o protagonismo excessivo do Supremo

Gustavo Schmitt
O Globo

Ao falar para uma plateia de investidores em São Paulo, nesta sexta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux afirmou que os magistrados precisam conter os ânimos. Em seu discurso, Fux comentava críticas sobre um possível protagonismo excessivo do Supremo na sociedade brasileira.

— Se impõe que o magistrado tenha vergonha na cara e prudência na língua — disse o ministro no evento organizado pela corretora XP Investimentos, num centro de convenções da capital paulista. Fux não fez referência a nenhuma pessoa especificamente.

NOVOS DIÁLOGOS – Mais cedo, nesta sexta-feira, a revista “Veja” divulgou reportagem com novos diálogos atribuídos ao ministro da Justiça Sergio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa Operação Lava-Jato. A publicação indica que o ex-juiz teria alertado o Ministério Publico Federal (MPF) sobre a inclusão de uma prova em ação penal relativa à operação. Em outro trecho, Moro teria recomendado, segundo a revista, que os procuradores não fechassem acordo de delação com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). As mensagens são de julho de 2017.

Em reportagem anterior sobre o tema, o site The Intercept publicou uma fala de Moro que teria sido enviada a Dallagnol com uma citação a Fux, sugerindo uma eventual garantia de apoio dele à Lava-Jato. Ao comentar sobre a frase do ministro da Justiça (“In Fux we trust”/”Em Fux nós confiamos”, em referência aos dizeres grafados nas notas de dólares americanos), o magistrado do Supremo disse que nutria profundo respeito por Moro e não iria “imiscuir na dependência dele”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– É impressionante o dirigismo das matérias da grande mídia para dar força às denúncias contra Sérgio Moro e a Lava Jato. Fux se referia ao Supremo, mas o repórter deu um jeitinho de incluir uma forte denúncia contra Moro, mas esqueceu de publicar as explicações dele. Nesse caso citado acima, o Intercept denunciou “perseguição” de Moro a réus que, na verdade, foram inocentados e libertados por sentença dele. Mas na ânsia de proteger Lula, os repórteres estão fazendo esse papel feio, em O Globo e outros veículos. O único veículo da grande mídia que deu destaque à excelente e esclarecedora nota de defesa de Moro nesta sexta-feira foi o Jornal Nacional, que divulga acusação e defesa com o mesmo padrão. E jornalismo é isso aí. (C.N.)

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