Para o general da reserva, o movimento de estudantes e professores não desestabiliza o governo do presidente Jair Bolsonaro
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Para o general da reserva, o movimento de estudantes e professores não desestabiliza o governo do presidente Jair Bolsonaro, mas há a necessidade de que a gestão federal aprimore sua estratégia de comunicação para evitar o que ele chamou de “desinformação”.
Apesar do diagnóstico do presidente interino, o número de manifestantes, sobretudo em São Paulo e no Rio de Janeiro, surpreendeu o setor de inteligência, que esperava que os protestos sofressem uma redução ao longo do dia.
Com a força das mobilizações, o receio de auxiliares presidenciais, sobretudo do núcleo militar, é que novas manifestações sejam convocadas nas próximas semanas, incluindo protestos contra as reformas previdenciária e tributária, desgastando ainda mais a imagem do governo.
“Eu julgo que não [se repita 2013]. Isso foi uma coisa pontual. À medida que o governo federal tomar decisões, e acho que será aprovada a reforma previdenciária, vão mudar expectativas econômicas e os recursos voltarão para as universidades federais”, disse.
Em 2013, protestos contra o aumento das tarifas de ônibus em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro estimularam uma onda de manifestações pelo país inteiro, o que se transformou em uma crise de governo para a então presidente Dilma Rousseff.
Sobre o protesto de quarta-feira, Mourão voltou a dizer que houve exploração política e que tem havido uma “certa desinformação no seio da sociedade”, uma vez que governos anteriores também estabeleceram contingenciamentos.
“Se o protesto era sobre educação, por que tinha Lula Livre? O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi condenado em três instâncias. Então, esse pacote já virou”, disse. “Não vejo isso [que o protesto desestabiliza o governo]. Acho que todos os protestos foram de forma tranquila”, acrescentou.
Para Mourão, para evitar falhas na comunicação, é necessário que o Palácio do Planalto informe medidas do governo de forma objetiva. Ele considerou, inclusive, a possibilidade de os anúncios serem feitos por meio de pronunciamento nacional.
“Quando for informar determinadas coisas, temos de informar de forma objetiva, não subjetiva”, disse.
No Palácio do Planalto, a avaliação foi a de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, não soube explicar de maneira adequada a necessidade do bloqueio de recursos, transformando um problema pontual em uma crise de governo.
No núcleo militar, voltou a defesa por uma nova intervenção na pasta da educação, com uma eventual troca do atual ministro. Uma mudança, contudo, é reconhecida pela maior parte dos auxiliares presidenciais como pouco provável neste momento.
Para assessores fardados, o ministro subestimou o potencial das manifestações e não soube administrar um cenário de crise que ele mesmo estimulou.
FOLHAPRESS