Alexandre de Paula
Correio Braziliense
O senador pelo Distrito Federal José Antônio Reguffe (sem partido) lançará candidatura para a Presidência da casa. Insatisfeito com a conturbada disputa entre parlamentares que pretendem concorrer ao cargo, Reguffe decidiu se colocar como “anticandidato”. “Os candidatos estão colocando seus nomes, mas ninguém está discutindo programa, apresentando compromissos objetivos”, explica.
Ao entrar na disputa, a intenção principal, garante o senador, é colocar em pauta temas que lhe são caros desde o início da vida pública, como a redução de gastos e a transparência.
CUSTO E TRANSPARÊNCIA – “Nós precisamos de um Senado que custe muito menos e que seja mais transparente”, avalia. “Eu quero ver esses temas em debate e quero que minha candidatura coloque essas questões”, completa.
Reguffe assegura que é possível reduzir os gastos com os parlamentares da casa. Ele usa como exemplo o próprio mandato, em que abriu diversos benefícios desde a posse em 2015. “Vou propor tudo aquilo que eu fiz no meu primeiro dia, como fim do plano de saúde vitalício, fim da aposentadoria especial para parlamentares, fim dos carros oficiais e a redução do número de assessores de 55 para 12, além de cortar para menos da metade a verba para contratar assessores”, esclarece.
A argumentação de alguns parlamentares de que o corte de muitos desses recursos causaria queda de produtividade dos mandatos é refutada pelo senador. Ele cita exemplos de países como França e Suíça e afirma que a experiência com o próprio mandato comprova que é possível trabalhar com menos regalias. “É possível, sim, se fazer um mandato digno com menos. A economia direta do meu gabinete é de R$ 16,7 milhões. Se multiplicar isso por 81 senadores, dá mais de R$ 1 bilhão”, argumenta.
MAIS RAPIDEZ – Reduzir a lentidão do processo legislativo é outro ponto que faz parte do programa de Reguffe. Ele defende que todo senador tenha a garantia de que, por ano, ao menos um projeto apresentado seja votado pela casa. “Se vai passar ou não, faz parte da democracia. O que não se pode fazer é deixar engavetado. É um desrespeito ao eleitor que escolheu aquele candidato”, avalia.
Para conquistar o voto dos colegas, Reguffe diz que apenas apresentará a cada um deles as propostas e os projetos que tem para casa, além de esclarecer as razões para a candidatura. “O voto é da consciência de cada um. Voto é uma questão de convicção e não de negociação. As pessoas não devem votar na base do toma lá dá cá. O que eu vou oferecer são ideias.”
NINGUÉM QUER – Reguffe admite que os projetos de redução de custos geram insatisfação em parte dos colegas. “Eu talvez acabe apenas com meu voto. É bem possível que isso ocorra, mas eu vou colocar esses temas em discussão”, reconhece.
No entanto, questiona: “É correto fazer uma discussão apenas focada em nomes? Ou nós temos que discutir custos e o papel do Senado?”.