No mundo, crescem os governos de extrema-direita, que têm por si um perfil hostil e pouco amigável. Pactos internacionais, no entanto, desafiam estes gestores e impõem a prática da conciliação
Com a ascensão de governos de extrema-direita pelo mundo a exemplo dos EUA, Hungria, Turquia, Áustria e Itália, tem crescido um ambiente pouco amigável aos acordos diplomáticos e a hostilidade a temas sensíveis.
Nos últimos meses, o mundo tem vivenciado a instabilidade de posições das principais lideranças desse bloco sobre tratados importantes, a exemplo do Acordo de Paris e o Pacto Global de Migração, o que traz preocupação sobre o futuro da humanidade.
O presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou por sucessivas vezes retirar os EUA do Acordo e não tem medido forças para espantar os imigrantes, que teimam em adentrar a América em busca de dias melhores na terra do Tio Sam.
No entanto, essas duas pautas, que ganharam destaque nos últimos meses e são as novas ordens mundiais, desafiam estes gestores e impõem – ou sugerem – um tom moderador.
Ambas as agendas esbarram no ímpeto desenfreado dos líderes pelo poder, mas que serão essenciais para manutenção da boa convivência na Terra. O acordo de Paris, que traz metas sobre a emissão de poluentes no mundo, é um obstáculo para o crescimento desenfreado do mercado industrial. E o pacto global de imigração traz consigo a discussão sobre a forma de se organizar em sociedade.
Os dois temas foram os principais motes nos últimos encontros das grandes potências mundiais pelo momento em que estamos vivendo quando o mundo está cada vez mais quente e a imigração que atinge diversas partes do planeta.
No primeiro caso, a ameaça das lideranças de extrema-direita de desembarcar do Acordo traz preocupação sobre o aquecimento global, que deverá crescer até 3º C pelas próximas décadas se nada for feito para melhorar o clima ou cada país der sua contribuição como a redução de carbono.
Na visão do intercionalista Antônio Lucena, os governos de extrema-direita têm em comum uma “visão equivocada” em relação a tratados. “São interpretações muitas vezes desconexas com a realidade”, diz.
Ele frisa que os pactos, tratados e acordos por si só não têm poder de impor aos governantes a serem mais tolerantes. Mas, ressalta Lucena, “eles são elementos importantes para facilitar e para gerenciamento tanto do Pacto quanto do Acordo do clima”.
Cientista político internacional e cônsul de Malta no Brasil, Thales Castro diz que, “todo acordo internacional não deixa de ser uma tentativa de moderação, todo tratado e instrumento internacional não deixa de ser uma forma de moldagem”. “No caso do acordo de Paris, em 2015, a ideia era fazer o mundo interpretar o aquecimento global, para não gerar uma hecatombe ambiental mais para frente. No pacto pró-migração há menos poder impositivo”. Ele frisa que 2019 marcará o fortalecimento dos traços nacionalistas, “o antiglobalismo também, que se encontram, no sentido de defender os interesses nacionais”.