Hoje em dia, as canções natalinas representam também um importante filão do mercado fonográfico
A comovente “Silent Night” – traduzida para nosso idioma como “Noite Feliz” – é considerada o grande hit entre as músicas de Natal. A história desse “caroller” nos leva aos últimos dias do ano de 1818, quando o músico Franz Xaver Gruber compôs a canção para a letra escrita pelo padre Joseph Mohr. Para sorte destes dois austríacos, o órgão da igreja de São Nicolau – pode chamar o santo de Papai Noel que ele atende – estava quebrado. Gruber compôs então uma versão para violão e foi assim, desse jeito singelo e sem pompa, que a canção comoveu a todos. Mohr tocava o violão acompanhado por um pequeno coro.
Hoje em dia, as canções natalinas representam também um importante filão do mercado fonográfico. Que o digam John Lennon e Simone com o original e a versão de Happy Xmas (Então é Natal) – apenas para começar a conversa. Mariah Carey e Michael Bublé, por exemplo, beliscaram juntos e também separados um dos clássicos natalinos: “All I Want for Christmas is You”, escrito originalmente em 1934. Uma das mais interessantes versões desta canção – sem desmerecer Mariah e Bublé – é a do tenor italiano Andrea Bocelli. O mesmo fez Justin Bieber, que deixou a delinquência na gaveta e gravou ainda “Santa Claus Is Coming To Town”, em cujo clip aparece sóbrio na fábrica de brinquedos de Santa Claus ao lado de uma boneca humana movida a cordas em impressionantes movimentos de mímica.
Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel
O leitor de Opinião & Notícia talvez não saia cantarolando a música “Boas Festas” pelo seu título, mas ao ouvir “Anoiteceu, o sino gemeu e a gente ficou feliz a rezar, Papai Noel, vê se você tem a felicidade pra você me dar” é provável que ainda cante até “eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel…”. Pois esta canção tristonha é de autoria de um importante compositor brasileiro: Assis Valente – conterrâneo e amigo de Carmen Miranda. De temperamento instável e sombrio, é difícil acreditar que tenha composto também a divertida “Cai, Cai, Balão” – o grande sucesso das festas juninas. As duas músicas foram concebidas no mesmo ano de 1933, quando Valente tinha apenas 22 anos. Ele tiraria a própria vida em 1958.
Ainda sobre a participação de brasileiros, é importante destacar que Patricia Marx, em 1989, Sandy & Junior – ao lado de Chitãozinho & Xororó – e Simone, mais uma vez, respondem pelas versões brasileiras de “Noite Feliz”.
Já o clássico “Jingle Bell Rock” – composto em 1957 por Bob Helms – também fez sucesso na trilha do filme “Meninas Malvadas”, estrelado por Rachel McAdams e Lindsay Lohan, que canta parte da música. Aqui vale também o registro da versão interpretada por Hilary Duff. Os mais conectados podem selecionar “Hora da Ceia” no Spotify – com duas horas e meia de músicas natalinas regravadas por gente do quilate de Eric Clapton, Norah Jones e Gwen Stefani. A seleção inclui Jessie J, que também gravou o espetacular e jazzístico “This Christmas Day” com onze faixas, entre elas, “White Christmas”, “Silent Night” e “Jingle Bell Rock”.
Jingle Bells não era para ser uma canção de Natal
É chegada a hora de “Jingle Bells” – composta em 1857 pelo organista norte-americano James Lord Pierpont não para o Natal, mas para o Dia de Ação de Graças. A canção acabou traduzida para diversos idiomas. A versão brasileira é de Evaldo Rui e foi gravada em 1941, nos estúdios Odeon, por João Dias em disco de 78 rotações. Mais tarde, Simone – sempre ela – também regravaria o seu “Bate o sino”. Existe ainda a interpretação dançante e sertaneja de Michel Teló para o mesmo hino.
A história da publicidade revela que a primeira mensagem comercial cantada foi gravada nos Estados Unidos, em 1926, para um cereal da marca Wheatis – que existe até hoje. A música da mensagem era “Jingle Bells” e a letra destacava as delícias do produto “para um desjejum dos campeões”. Daí surgiu a expressão “jingle”. Mas isso é outra história. Bom Natal para todos nós.