Por Josias de Souza
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, disse que Sergio Moro será mais importante em Brasília do que na capital paranaense. Em Curitiba, disse Deltan, Moro lutou contra as “engrenagens” de um sistema ajustado “para não funcionar contra corruptos poderosos.” Acredita que, em Brasília, o juiz irá “mudar as engrenagens desse sistema.”
O chefe da Lava Jato fez uma analogia entre a investigação e o tratamento de uma enfermidade. “Nós nos sentimos como um médico, que identificou uma doença grave e importante no paciente e recomendou tratamento. Mas o tratamento nunca foi aplicado. Ano após ano, a gente refaz o diagnóstico e a recomendação de tratamento. E o tratamento nunca veio.”
Deltan recordou as dez medidas anticorrupção enviadas ao Congresso como projeto de iniciativa popular. Lembrou o pacote com 70 novas medidas elaboradas sob a coordenação da Fundação Getúlio Vargas e da Transparência Internacional. ”Nada disso jamais foi convertido em lei”, lamentou. Moro já informou que planeja retirar desse embrulho a matéria-prima para a elaboração dos projetos que enviará ao Congresso no início de 2019.
As declarações de Deltan foram veiculadas no mesmo dia em que o corregedor nacional de Justiça, Humberto Martins, requisitou explicações a Sergio Moro. O juiz terá 15 dias para se defender da acusação feita por deputados petistas de que sua transferência para a equipe ministerial de Jair Bolsonaro seria uma decorrência direta de sua atuação nos processos contra Lula.
Moro já tratou do tema em sua primeira entrevista coletiva como ministro indicado. Disse que Lula foi condenado porque ”cometeu crime.” Recordou que sua sentença foi ratificada por três desembargadores do TRF-4. Realçou que o Supremo negou habeas corpus a Lula. “Não posso pautar a minha vida num álibi falso de perseguição política”, acrescentou.