Agora, Ciro está nas mãos do PT e do PSB

Ciro Gomes

Ciro GomesFoto: Divulgação

No dia em que o bloco do centrão desistiu de apoiar a sua candidatura, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, ontem, fez um aceno enfático aos partidos de esquerda. Para analistas, a viabilidade da candidatura do ex-governador do Ceará, hoje, depende fundamentalmente do PT, já que ambos disputam os apoios do PSB e do PCdoB.

Com a indefinição entre os partidos de centro-esquerda, que tendem a apoiar o ex-presidente Lula (PT), Ciro chegou a trabalhar pelo apoio dos partidos do centrão, o que lhe renderia um acréscimo considerável no tempo de televisão e nos recursos de campanha. Seus “rompantes e incompatibilidade ideológica”, entretanto, pesaram contra a aproximação com DEM, PP, SD e PR – siglas que, apesar do perfil fisiológico, têm uma identidade próxima com a direita.

“A aliança do Ciro com esse grupo seria muito inconsistente, pela trajetória dele. Esse grupo, a gente fala ‘centrão’, mas é um grupo de direita. Fala-se de ‘centrão’ como eufemismo. Levando em conta tudo que o Ciro pensa, é difícil compatibilizar a crítica radical ao Governo Temer com toda base de Temer”, aponta o professor de Ciência Política da UFMG Carlos Ranulfo. “A aliança que ele desejaria é ser apoiado pelo PT e PSB, mas não é fácil convencer o PT a não lançar candidato”, avalia.

O cientista político da UnB David Fleischer alerta para o histórico do PT, que, desde a redemocratização, nunca fez coligação onde não fosse cabeça de chapa. “É preciso levar em conta todas as coligações a nível estadual. Articular governador e vice governador, dois candidatos ao Senado, quatro suplentes e uma lista de deputado federal e estadual é uma negociação duríssima”, diz.

Na briga de Ciro contra Alckmin pelo centrão, segundo o cientista político Elton Gomes, pesou a estrutura partidária, a militância, a capilaridade de prefeitos, deputados e governadores. “O centrão percebeu que Ciro não tinha condições de fazer a sua candidatura sair de um dígito”, apontou.

Com o receio de ficar isolado na disputa eleitoral, Ciro decidiu aumentar a ofensiva sobre o PSB e o PC do B, que, nas últimas semanas, passaram a cogitar como mais provável um apoio ao PT.

“O Brasil nunca será um país em paz enquanto o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva não restaurar a sua liberdade. Eu luto por isso”, disse Ciro, ontem, durante encontro com dirigentes sindicais. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que Ciro não ficará isolado e que não há como perder algo que não se tem. “Esse doce podia estar estragado”, respondeu ao ser perguntado se o bloco do centrão tirou o doce da boca do PDT.

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