Relatório aponta que há na Índia 70,6 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, enquanto na Nigéria este total é de 87 milhões
De acordo com o Banco Mundial, a linha de extrema pobreza é definida como um padrão de vida de pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1,90 por dia e lutam para obter necessidades básicas de subsistência, como comida, moradia e roupas.
O relatório do Brookings baseou-se em estimativas do World Poverty Clock, uma base de dados que monitora o progresso para erradicar a pobreza no mundo em tempo real. Os dados mostraram que 70,6 milhões de pessoas na Índia vivem em extrema pobreza, um número superado por 87 milhões de nigerianos.
Enquanto o número de pessoas que vive em extrema pobreza na Índia está diminuindo, o rápido crescimento populacional na Nigéria ultrapassa seu progresso econômico. A pobreza extrema aumenta na Nigéria em seis pessoas a cada minuto, de acordo com os cálculos do World Poverty Clock. Em comparação, a Índia está reduzindo o número de pessoas extremamente pobres em 44 por minuto.
“É uma boa notícia para a Índia e uma séria advertência ao continente africano”, disse Homi Kharas, diretor do programa de Economia Global e Desenvolvimento do Brookings Institution.
A pobreza extrema concentra-se cada vez mais na África, observou o relatório do Brookings. Os africanos constituem cerca de dois terços das pessoas mais pobres do mundo. Até 2030, se não houver uma mudança na situação política e socioeconômica, o número pode aumentar para nove décimos da população mundial.
Essa situação dramática da África contrasta com o progresso mundial de erradicação da pobreza. A partir de 1990, o número de pessoas que vive em extrema pobreza teve uma redução de mais de 60%, segundo o Banco Mundial. Países da Ásia, como China, Indonésia e Vietnã, e, mais recente a Índia, foram bem-sucedidos em sua luta contra a pobreza.
A Índia, com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, tem só 5% de pessoas vivendo em extrema pobreza. Pesquisadores do World Poverty Clock avaliam que até 2021 essa proporção se reduzirá a menos de 3% da população.
Essas notícias otimistas com certeza provocarão um debate intenso na Índia. Milhões de pessoas vivem em condições precárias de subsistência e milhares de agricultores se suicidam todos os anos.Cerca de 40% das crianças indianas com menos de 5 anos são pequenas para a idade, um sinal de desnutrição crônica.
A definição de pobreza extrema é responsável, em parte, por essa falta de consenso. No ano passado, o Banco Mundial acrescentou outro parâmetro de referência para definir a pobreza relativa. Para países de “renda média baixa”, como a Índia, pessoas com um rendimento de US$ 3,20 por dia vivem em situação de pobreza relativa. Por esse critério, um terço dos indianos é pobre, escreveu o economista Surjit Bhalla em um artigo recente.
Em junho, o governo indiano concluiu uma pesquisa de âmbito nacional realizada a cada cinco anos para reunir dados sobre a pobreza no país. Na opinião de Bhalla os dados coletados mostram um progresso ainda maior na redução da pobreza do que as estimativas do Brookings e do World Poverty Clock.