Oito pessoas foram levadas para interrogatório. Foram apreendidos celulares, mídias, computadores com arquivos das pichações e sprays
A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (6), a operação Grapixo, a fim de desarticular grupo criminoso dedicado à deterioração de bens públicos e privados, protegidos por lei e ato administrativo, no que se refere a pichações de inúmeras edificações e monumentos urbanos, na cidade de Olinda, especialmente no Sítio Histórico, região metropolitana do Recife (RMR).
Oito pessoas foram levadas para interrogatório na sede da PF, no Cais do Apolo, no bairro do Recife, na região central da cidade. Elas vão responder criminalmente pelas pichações. Foram detidos um adolescente e outras sete pessoas, entre 18 e 25 anos. Os nomes deles não foram divulgados. Foram apreendidos celulares, mídias, computadores com arquivos das pichações, além de sprays.
As investigações da Polícia Federal tiveram início em fevereiro de 2018. Boa parte das pichações são assinaturas estilizadas, conhecidas como “tags”, marcas pessoais criadas para serem registradas em diversos lugares, muitos de difícil acesso e até mesmo perigosos, como espécies de troféus a serem exibidos no meio dos vândalos.
Durante a apuração, observou-se que a atividade é geralmente praticada durante as madrugadas, por grupos compostos, em sua maioria, por jovens do sexo masculino, que disputam o reconhecimento e respeito entre seus pares. Os pichadores costumam se reunir periodicamente em determinados pontos das cidades para troca de assinaturas e planejamento de novas ações em busca da conquista de “novos territórios”.
No caso do Sítio Histórico de Olinda e entorno, a situação não se mostra diferente. Residências, estabelecimentos comerciais, prédios públicos, muros, praças, pontes, monumentos e até mesmo igrejas não são poupados pelos grupos criminosos, que insistem em sujar e avariar o patrimônio alheio, inclusive a própria história e cultura locais.
Preservação
O Centro Histórico de Olinda abrange uma área de 1,2 km2, com cerca de 1.500 imóveis, que testemunham diferentes estilos arquitetônicos, entre edifícios coloniais do século 16, fachadas de azulejos dos séculos 18 e 19 e obras neoclássicas e ecléticas do início do século 20.
Em 1968, o Sítio Histórico de Olinda foi tombado como conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e, desde então, vem acumulando normativas de proteção federal. Alguns de seus monumentos históricos também foram alvo de tombamento individual.
Anos depois, o Sítio Histórico de Olinda também conquistou os títulos de Monumento Nacional (1980), de Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade (1982) e de Registro Memória do Mundo no Brasil de 2008, pela Unesco, o de Cidade Ecológica (1982) e o de Capital Brasileira da Cultura (2005).