Por Gerson Camarotti
Fragilizado pela greve dos caminhoneiros, o governo Temer tinha iniciado um movimento de fritura do presidente da Petrobras, Pedro Parante, desde a semana anterior.
Pressionado pelos aliados para a substituição imediata de Parente do comando da estatal, Temer estava com dificuldade de realizar a mudança na estatal.
Muito fragilizado politicamente, temia enfrentar uma forte reação dos mercados com a demissão de Parente, concretizada nesta sexta-feira (1º).
Nos últimos dias, a ordem no Palácio do Planalto foi de disseminar críticas ao que se chamou de “falta de sensibilidade” do executivo da estatal em insistir na política de preços da Petrobras.
Pressionado pelos sindicatos de petroleiros e criticado abertamente pela base governista e oposição – o pré-candidato Ciro Gomes chegou a pedir sua demissão – Parente não recebeu a solidariedade esperada de Michel Temer.
Pelo contrário: o presidente deu sinais trocados em relação à política de preços da estatal.
Pior: nos bastidores, também concordava com as críticas de que era preciso mudar a política de preços da estatal.
De um aliado próximo, Temer ouviu o seguinte conselho: “Ou você tira Pedro Parente ou você terá muita dificuldade para terminar o governo”.
Com o pedido de demissão de Parente, Temer, a semana terminou da pior forma possível depois da crise instalada com a greve dos caminhoneiros.
Executivo que conseguiu recuperar a lucratividade da estatal depois de anos de prejuízos sucessivos, Parente também recebia a pressão externa dos grevistas e dos petroleiros.
Resultado: as ações da empresa despencaram.
Apesar da reação desastrosa do mercado, o clima no Palácio do Planalto era de alívio com a queda de Parente.
A percepção é de que sua saída deve funcionar como uma espécie de válvula de escape para diminuir a pressão externa sobre Temer.
Ou seja: neste momento, a única preocupação do Planalto é de tentar sobreviver até dezembro, independentemente da herança que deixará para o próximo governo.