Aguirre Talento
O Globo
A Polícia Federal abriu uma nova frente na investigação do caso Swissleaks para apurar responsabilidades de ex-funcionários brasileiros do HSBC na abertura e manutenção de contas secretas na Suíça. O objetivo é identificar se eles participaram de crimes como evasão de divisas e lavagem de dinheiro — é uma das primeiras investigações do país que miram a responsabilidade de um banco nesses crimes.
Três anos após o caso Swissleaks ter se tornado público, O Globo revelou na terça-feira que a PF investiga 660 brasileiros sob suspeita de terem mantido contas secretas no HSBC Private Bank Genebra. Até agora, por meio do banco de dados do HSBC suíço, a PF identificou 13 ex-funcionários brasileiros que tinham relação com essas contas.
NOVOS CLIENTES – “O que as investigações indicam (…) é que tais funcionários não só tinham conhecimento da existência dos ativos de brasileiros em solo estrangeiro, como indicavam novos clientes à filial suíça e prestavam apoio logístico e de gestão na manutenção das suas carteiras, podendo, dessa forma, ao menos em tese, ter tomado parte nos fatos ilícitos ora investigados”, escreveu o delegado da PF Tomás de Almeida Vianna, em relatório sigiloso obtido pelo Globo.
Esses ex-funcionários do HSBC exercem hoje outras atividades profissionais. Luís Eduardo Alves de Assis, que comandou a área de investimentos do HSBC, atualmente é diretor da Fator Seguradora. Ex-gestora de grandes fortunas do HSBC, Diana Kelman Frajtag atua como especialista financeira em um grupo privado de transmissão de energia. Alexandre Ibitinga de Barros, que, de acordo com dados da CPI do HSBC, exerceu cargo de direção no banco entre 2005 e 2006, atualmente é sócio de um empreendimento para idosos. Outra investigada é Helena McDonnell, ex-diretora.
ORIENTADORES – Procurado, o advogado Jair Jaloreto, que representou Ibitinga e McDonnell, disse que os funcionários do HSBC eram apenas “representantes comerciais” da filial suíça do banco e não tinham atuação na abertura das contas. Segundo o advogado, eles apenas indicavam investimentos no braço suíço do banco e orientavam os clientes a entrar em contato diretamente com o HSBC Private Bank Genebra.
— A declaração dessas contas e a remessa dos valores cabe a cada correntista. Se eu abro uma conta fora do país, eu sou obrigado primeiro a remeter o valor via Banco Central, e segundo a declarar essa conta. Isso não cabe ao banco nem ao gerente. É obrigação personalíssima, como declarar imposto de renda. E esse tipo de ingerência nem o banco nem os funcionários tinham — afirmou Jaloreto.