Ex-presidente fez discurso em Curitiba como resposta a ataque a tiros registrado um dia antes
Ana Luiza Albuquerque e Catia Seabra – Folha de S.Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua caravana pelo Sul com uma resposta aos ataques que sofreu nos últimos dias. “Ninguém pode dizer que o Lula é agressivo”, afirmou. “Vocês nunca viram um ato de violência nossa contra qualquer candidato”, prosseguiu, na noite desta quarta-feira (28), em Curitiba.
O encerramento da caravana reuniu milhares de manifestantes no centro, na praça Santos Andrade, e teve alguns focos de animosidade. Ao longo do dia, uma carreata anti-Lula percorreu a cidade com gritos contra o ex-presidente.
Ao relatar uma tentativa de impedi-lo de discursar na Unipampa, em Bagé (RS), Lula afirmou que não iria acusar o juiz Sergio Moro, o MBL (Movimento Brasil Livre), o usineiro ou o arrozeiro. Ele criticou algumas pessoas por supostamente tentar minimizar os ataques, como a imprensa brasileira e o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB). Sobre os disparos, o tucano disse que o PT colhe o que planta.
“A imprensa internacional começou a criticar e todo mundo começou a ficar frouxinho.”
Lula voltou a defender sua inocência e se disse vítima do juiz Moro, do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), do Ministério Público e da Polícia Federal. Ele também sugeriu que o impeachment da antecessora, Dilma Rousseff, está relacionado a interesses externos de países como os Estados Unidos, que teriam se sentido ameaçados depois que o Brasil descobriu o pré-sal.
Em seu discurso, Lula não acenou para a ideia da necessidade de uma união democrática de esquerda, defendida no palanque pelos presidenciáveis Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL).
O ex-presidente também afirmou que o PSDB e o MDB não têm candidato. “Quem está na disputa é a extrema direita, representada por esse cidadão que me recuso a citar o nome [Jair Bolsonaro (PSL)].”
JUSTIÇA
A próxima semana será decisiva para o ex-presidente, que teve recursos do processo que envolve o caso tríplex negados pelo TRF-4 nesta segunda (26). Na próxima quarta (4), o STF (Supremo Tribunal Federal) julga um habeas corpus preventivo interposto por sua defesa. Caso seja rejeitado, o juiz Sergio Moro pode expedir um mandado de prisão imediato.
Em janeiro, o TRF-4 aumentou a pena do petista para 12 anos e um mês de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele também é réu em outras duas ações em Curitiba e quatro no Distrito Federal. Condenado em segunda instância, se tornou inelegível pela Lei da Ficha Limpa. O PT tem afirmado que Lula concorrerá ainda assim, mesmo que preso.