Por José Nivaldo Júnior – Publicitário,historiador, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras.
Recentemente dei uma entrevista de meia hora ao programa POLÍTICAS, da TV Nova, comandado pelo amigo e experiente jornalista Antônio (Tonico) Magalhães. Tema: o papel das Fake News, na política e na vida.
Para quem não está acompanhando o debate, a expressão inglesa, que entrou no vocabulário brasileiro suave feito faca na melancia, significa notícia falsa. É a versão digital do antigo boato. É a mentira propagada através das redes sociais.
O Congresso Nacional está discutindo como evitar que as Fake News influenciem as eleições brasileiras. A preocupação não é infundada, desde que as notícias falsas disseminadas nas redes sociais contra a candidata democrata Hillary Clinton constituíram um fator decisivo na vitória de Trump.
Hoje, ninguém tem dúvida, que hackers humanos, utilizando robôs e perfis falsos nas redes sociais, atuando a partir do exterior, fizeram chegar a muitos milhões de eleitores americanos informações mentirosas que provavelmente decidiram uma disputa apertadíssima.
A primeira ideia que ocorre sempre às pessoas que se deparam com um problema novo é tentar proibir. A proibição é prima da censura prévia. Não resolve nada. Mas tranquiliza as consciências dos legisladores (ou de quem quer que proíba alguma coisa). É como se a pessoa, ao proibir, estivesse fazendo a sua parte.
Estou em guerra aberta e declarada contra esse tipo de informação irresponsável. Reconheço que eu mesmo já caí na esparrela e disseminei pelo Facebook uma notícia falsa na categoria lenda urbana, versão também atualizada para as antigas histórias de papafigo. Notícia inofensiva, mas falsa. Espero ter aprendido a lição. E estou empenhado em lutar contra a praga.
As notícias falsas tendem a se espalhar mais rapidamente não porque são falsas mas sim por tocarem sentimentos primários das pessoas. Indignação, ódio, compaixão, solidariedade, são algumas das emoções que, atingidas por uma notícia falsa com aparência de verdadeira, fazem as pessoas, imediatamente, sem exercer um juízo crítico, passarem adiante a informação Fake.
O remédio contra esse impulso natural de compartilhar a informação falsa é a vacina da prudência combinada com uma dose de bom senso.
Uma das técnicas dos fabricantes de Fakes é a utilização de informação com credibilidade -noticiários da Rede Globo são as vítimas mais frequentes. Notícias antigas ou editadas fora do contexto das às Fakes aparências de verdade.
Vou dar um exemplo: uma das Fakes mais populares, diz mais ou menos assim:
“Essa notícia foi veiculada hoje de manhã e o Senado e o Congresso telefonaram para a emissora e exigiram sua retirada do ar. “ E seguia-se uma suposta notícia catastrófica.
Recebi isso de dezenas de amigos, muitos deles cultos, inteligentes, bem informados. Pacientemente, tentava explicar: amigo(a), o Senado faz parte do Congresso. Nunca ninguém jamais recebeu um telefonema dessas instituições. Quem do Congresso ligou?
Alguns se tocavam, agradeciam. Outros ficavam aborrecidos comigo. Outros até fizeram o favor de sumir.
Outra Fake bem popular é um pedido para passar adiante um pedido de ajuda para uma criança. Cada compartilhamento renderia alguns centavos para a criança doente.
Eu alertava: qual criança no mundo já recebeu essa ajuda? Quem paga?
Na verdade, as pessoas que pensavam estar ajudando ao próximo na verdade disseminavam um vírus que, conseguindo se infiltrar nos computadores de quem recebia e abria a mensagem, ficava apto a roubar informações das vítimas.
Portanto, antes de passar adiante qualquer notícia dessas, verifique se ela está presente nos blogs sérios de informação, nos jornais e revistas, nos sites das emissoras de rádio. Ou seja, se vêm realmente de quem produz informação com responsabilidade.
Claro que todo mundo é livre para propagar o que quiser. Mas antes de entrar numa corrente do mal e obedecer a uma ordem tipo “não vamos deixar isso sumir”, “espalhe sem dó”, “compartilhe com seus amigos” e desse modo se tornar um boateiro digital, pare e pense. Mesmo que venha de uma pessoa que você conhece e respeita, porque ela pode ter sido enganada e está lhe convocando, involuntariamente, a fazer o papel de otário(a) digital.