JANGO DE FILHO PARA PAI

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Resultado de imagem para jose nivaldo junior   Por  José  Nivaldo  Júnior  – Publicitário,historiado, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras

Considero o Ex- presidente João Goulart (Jango) o mais injustiçado político da história republicana do Brasil.
Foi vice-presidente eleito de Juscelino e Jânio, depois de ter sido Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas. Naquele tempo era assim, os vices eram votados, um bom assunto para a reforma eleitoral.
Com a renúncia de Jânio, ele assumiu o governo, vencendo forte resistência de certos setores da elite e das forças armadas.
Foi imposto a Jango um parlamentarismo provisório.
Reprovado em um plebiscito onde a devolução do pleno mandato presidencial a Jango foi aprovada pela maioria esmagadora dos eleitores. O povo brasileiro é presidencialista , comprovou isso nos anos 90.
Jango reassumiu o governo com a maior legitimação eleitoral de todos os tempos.
Tomou pé nas coisas.
Elaborou o mais completo e viável projeto para transformar o país numa sociedade próspera, menos injusta, com autonomia no cenário internacional. Um país moderno, desenvolvido e sustentável.
As reformas de base que propôs representavam a emancipação do Brasil inclusive da tutela americana. Representavam a quebra das amarras do latifúndio e uma reforma agrária que criaria uma classe média rural forte, base do desenvolvimento de todos os países que deram certo, inclusive Estados Unidos,França, quase todos os países europeus.
Aqui, o atraso mental era tamanho que acabou colando para muitos a ideia cretina de que reforma agrária era coisa de comunista, vejam só.
Estancieiro rico e de convicções sociais com respeito à liberdade, Jango foi taxado exdruxulamente de comunista pela direita hidrofóbica e, após ser deposto, considerado fraco por amplos setores das forças progressistas.
Isso porque, de perfil ameno e conciliador, embora firme, não resistiu ao golpe , poupando os brasileiros de um possível e inútil banho de sangue.
Sua deposição através de um golpe militar com o apoio das elites, da classe média minoritária, carola e barulhenta e patrocínio dos Estados Unidos, deu início aos tormentosos anos da ditadura.
É didático registrar: Jango e o Brasil foram vítimas em 64 de um golpe de verdade. Que rasgou a Constituição, depôs governantes eleitos, exilou, cassou mandatos, prendeu, torturou e matou milhares de patriotas, censurou a imprensa e a liberdade de expressão.
Nada a ver com a manobra parlamentar que cassou Dilma. Chamar o episódio Dilma de golpe, para mim, é agredir a história , desrespeitar os heróis e mártires da resistência e propor ao povo uma pauta equivocada.
O golpe contra Jango condenou o Brasil a ser um país de segundo mundo.
As consequências funestas do desmonte do seu projeto, independente e sustentável, por um outro tão grandiloquente quanto servil, levou o país a isto que está aí .
Os governos militares plantaram as sementes do estatismo corrupto, do desprezo às injustiças sociais, da falta de oportunidade para os jovens.
Os governos civis que vieram em seguida, asseguraram a democracia e a liberdade mas permaneceram reféns da pauta econômica da ditadura.
Jango, pois, é um marco na história , a ser estudado e decifrado em todas as suas dimensões.
O depoimento humano, comovente, rico do filho João Vicente contribui muito com esse processo necessário. E lança luz sobre a sua dimensão pessoal.
Porque é sempre bom lembrar, o ser humano que existe dentro de cada estadista estabelece as dimensões de sua grandeza e do papel histórico que desempenha.

Um comentário sobre “JANGO DE FILHO PARA PAI

  1. Realmente, o brasileiro precisa conhecer a história recente e ter um mínimo de condição para abrir os olhos em meio ao tissuname que invade o cenário político do país. A tendência pela volta da ditadura é visível e tenebrosa, muito triste seria a escolha por essa volta absurda e tenebrosa ao passado.
    A saída tem um outro caminho a se percorrer, é possível acreditar…

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