A Bruzundanga de Lima Barreto

Por Hélio Gurovitz

O homenageado deste na na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) é o escritor Lima Barreto (foto).

Em meio aos relançamentos, ensaios críticos e biografias, destaca-se a sátira Os Bruzundangas, publicada postumamente, tema de minha coluna desta semana na revista Época. Nela, Lima Barreto cria uma república imaginária, A Bruzundanga, espelho do Brasil da República Velha.

É um país liderado por um “madachuva” escolhido entre os mais medíocres, em que os políticos se julgam diferentes do resto da população e, uma vez no poder, só pensam em enriquecer e em garantir o futuro da parentalha.

“Não há lá homem influente que não tenha, pelo menos, trinta parentes ocupando cargos do Estado; não há lá político influente que não se julgue com direito a deixar aos filhos, netos, sobrinhos, primos, gordas pensões pagas pelo Tesouro da República”, escreve Lima Barreto.

“Pode ser definida a feição geral da sociedade da Bruzundanga com uma palavra – medíocre. Vem-lhe isto não de uma incapacidade nativa, mas do contínuo tormento de cavar dinheiro, por meio de empregos e favores governamentais, do sentimento de insegurança de sua própria situação.”

Como se vê, mais de cem anos depois, quase nada mudou.

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