“Essa vida é uma droga”… “Nada dá certo”… “A culpa é do sistema”… quantas vezes você já se pegou repetindo uma dessas frases, ou outras tantas parecidas? E onde entra sua parcela de responsabilidade nessa sua vida?
POR CARLA GAMEIRO DIAS
Existem dias que acordamos (ou dormimos, não sei bem) mais pensativos que em outros momentos, normalmente isso ocorre quando lemos algo que nos toca, ouvimos algo que gostaríamos (ou não), ou somos despertados por troca de ideias com diversas pessoas.
Mas afinal, por que da citação acima? Hoje é um desses dias para mim; recebi por wtsap uma dúvida de uma pessoa querida envolvendo exatamente o título do texto; as escolhas (diárias) e opções que fazemos e por conseguinte, suas consequências, em muitos casos, gerando abandonos; seja de pessoas, de emoções, de relações. Inúmeras são as situações em que sou questionada sobre a facilidade em lidar com estas questões do cotidiano (imaginam que por minha formação seja mais “tranquilo”), mas eu os garanto, é tanto ou mais complicado para mim, minha pobre terapeuta que o diga (ela é uma santa, definitivamente, hahaha).
Voltando, quantas vezes reclamamos da vida (atentem, quando reclamamos de nossas vidas, estamos nos esquecendo que “essa” vida é nossa, em todos os sentidos, inclusive a posse, ser dono de) de tudo e todos, das “injustiças” do mundo quando somos nós (em quase todas as situações) que determinamos nossa vida? Quantas ações/omissões nos levaram ao que vivemos hoje? Quantas dores causamos em outros (e em nós também) em função de nossas escolhas? Quantos abandonos acarretamos em nosso caminhar; ainda que tenham sido nossas alternativas?
Lidar com a perda, luto, abandonos é extremamente doloroso e óbvio, como seres imperfeitos que somos, tendemos a “repassar” adiante a responsabilidade sobre nossos sofrimentos; seja para os deuses (religiosamente falando), seja para o outro (amigo, familiar, parceiro), seja para o mundo (governantes, governos, leis, etc). É certo que lidar com o “fracasso” (importante frisar que cada indivíduo tem um conceito de “fracasso e sucesso”, são questões muito peculiares) é muito ruim, faz mal mesmo, mexe com o EGO, e é aí que moram muitas/tantas de nossas questões, no EGO!! No ego vivem nossas cobiças pessoais e um ego fragilizado, mal estruturado, destituído de si mesmo é capaz de escolhas “errôneas, doentias, possessivas, EGOístas” e por aí vai… vale lembrar, somos TODOS suscetíveis a escolhas EGOicas, somos todos capazes de abandonos irreparáveis por razões EGOístas, estamos em contínuo desenvolvimento.
Somos insensatos por vezes, irracionais, tresloucados outras tantas, mas para que a vida seja como “desenhamos”, precisamos assumir nossa parcela real em cada uma de nossas escolhas, precisamos admitir nossos “insucessos”, e acima de tudo, reconhecer tantas vezes quantas forem necessárias, as muitas dores que causamos nos seres amados, ao longo de nossas vidas. O reconhecimento de nossas falhas, das muitas amarguras que provocamos, e o perdão que consentimos a nós mesmos fazem parte do amadurecimento e da aceitação de nossa completa imperfeição.
A vida, essa sim, é perfeita, e logo ali na frente, novas opções se apresentarão… novas escolhas, melhores decisões e quem sabe, nenhuma dor ou abandono…
Fonte de imagens: Google
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