Por MAGNO MARTINS
Se não ocorrer nenhum fato novo relevante, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB), dará uma surra fenomenal do ex-prefeito João Paulo, adversário na corrida de segundo turno pelo controle do poder municipal. Com base em projeções na pesquisa do Ibope, pela qual o socialista abre 24 pontos de vantagem na soma dos votos válidos – 62% a 38% – a frente seria hoje de aproximadamente 210 mil votos.
As contas são feitas tendo como parâmetro o número de eleitores que foram às urnas no primeiro turno. Votaram 873.485 eleitores. Se este número vier a ser repetido no próximo dia 30, Geraldo teria 541.561 votos, correspondentes aos 62% apontados pelo Ibope, enquanto João Paulo chegaria a 331.924 votos (38%). A diferença, portanto, é de 209.637 votos. Dá para o petista tirar igual diferença faltando apenas 11 dias para o pleito? Em política, nada é impossível, mas o cenário é de muitas dificuldades para o petista.
No enfrentamento midiático e na propaganda eleitoral, João não empolga, caiu na mesmice e não apresenta nada que envolva emocionalmente a população. Cometeu um gravíssimo erro ao escalar como garoto propaganda das suas inserções no rádio e na TV ao seu vice, o deputado estadual Silvio Costa Filho (PRB). Vice aqui e em qualquer pedaço do território nacional não pode aparecer mais do que o candidato a prefeito, porque o comando não será dele.
Não tenho a menor noção de quem esteja na coordenação da propaganda eleitoral do candidato petista, mas o guia de Geraldo dá um banho no concorrente, em propostas, em sonoplastia, imagens e fotografia. Na estratégia e no conteúdo politico, igualmente. Se os números do Ibope baterem, João terá acumulado três derrotas seguidas – vice de Humberto Costa em 2012, candidato a senador em 2014 e agora postulante a prefeito.
João Paulo era a grande aposta que o PT teria para o Recife, não apenas pelo fato de ex-prefeito e colocar sua gestão como parâmetro para discussão frente ao modelo do PSB, mas por ser bom de rua, sintonizado com as camadas mais populares da cidade. A falta de um bom programa de Governo, o envelhecimento do seu discurso e a varredura que o PT sofreu nas capitais no primeiro turno contribuíram para arrastar o petista para a jaula dos leões.