Com informações do Correio Braziliense
Através de informações obtidas pelas investigações da Operação Turbulência, o Ministério Público Federal (MPF) atestou que o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, preso nessa terça-feira (21) pela Polícia Federal, foi encarregado de entregar propina devida pela construtora Camargo Correia ao ex-governador Eduardo Campos (PSB) e ao senador Fernando Bezerra Coelho (PSB).
Lyra é um dos donos do jatinho usado por Campos na campanha presidencial de 2014, cuja compra deu origem à operação, e teria sido reconhecido por ex-funcionários da empreiteira. As informações são do jornal Correio Braziliense, que teve acesso ao inquérito policial.
“(Lyra) Foi reconhecido pelos operadores financeiros Roberto Trombeta e Rodrigo Morales como viabilizador da ‘venda’ de dinheiro em espécie para pagamento de vantagens indevidas pela construtora OAS, cobrando taxa de 2% sobre o montante total e indicando as contas de diversas pessoas físicas e jurídicas para o recebimento dos recursos, muitas delas investigadas neste inquérito policial. Foi também reconhecido pelos ex-empregados da Camargo Correia como sendo a pessoa encarregada de entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador Eduardo Campos e ao senador Fernando Bezerra Coelho em virtude das obras na refinaria Abreu e Lima. Apresenta-se formalmente como único adquirente do avião PR-AFA, embora tal transação não tenha sido formalizada. É detentor de expressivo patrimônio abrangendo veículos, lanchas e motos aquáticas (jet skis), sendo detectada elevação patrimonial imcompatível com a renda declarada por ele nos anos de 2010 a 2013, o que salta aos olhos especialmente diante da constatação de que a empresa por ele alegada como sua fonte de renda, a JCL Fomento Mercantil, é “fantasma”, não funcionando no endereço do registro”, diz o trecho do inquérito divulgado pelo Correio Braziliense.
Nesse trecho, o procurador Cláudio Henrique Dias detalha o suposto esquema de pagamento aos socialistas, em parecer encaminhado à juíza da 4ª Vara Federal Amanda Torres Lucena da Justiça Federal. A magistrada expediu o mandado de prisão contra Lyra.
A PF iniciou a operação após investigação sobre a compra do avião usado por Eduardo Campos e descobriu, após análise de conteúdos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e na Justiça Federal e da movimentação de quase 20 contas bancárias, um esquema de lavagem de dinheiro que pode estar ligado às campanhas do ex-governador em 2010 e 2014.