CAOA diz à PF não ter conta bancária ao explicar R$ 2,5 milhões em casa

Operação Acrônimo

POR FABIO FABRINI E ANDREZA MATAIS, DE BRASÍLIA, E FAUSTO MACEDO

Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono de uma das maiores revendedoras de veículos do País e alvo da Operação Acrônimo, negou ter pago qualquer quantia ao governador de Minas Fernando Pimentel (PT)

PF cumpriu mandados de busca e apreensão no prédio da Pepper Comunicação, em Brasília, pela 2ª fase da Operação  Acrônimo.Foto: André Dusek/Estadão

PF cumpre mandado de busca e apreensão durante 2ª fase da Operação
Acrônimo.Foto: André Dusek/Estadão

Dono de uma das maiores revendedoras de veículos do País, o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, o CAOA, investigado na Operação Acrônimo, afirmou em depoimento à Polícia Federal não ter nenhuma conta bancária em seu nome. A explicação foi dada para justificar a guarda de R$ 2,5 milhões em dinheiro vivo em sua casa, apreendidos em outubro.

Carlos Alberto é um dos alvos da Acrônimo, que apura suposta compra de portarias do governo federal que concederam incentivos fiscais à sua montadora, a CAOA, que fabrica modelos Hyundai no Brasil. Os benefícios foram concedidos na gestão do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Mauro Borges, que sucedeu no cargo o atual governador de Minas, Fernando Pimentel (PT).

A CAOA pagou R$ 2,8 milhões a empresas de Benedito Rodrigues, o Bené, empresário que tratou dos benefícios com Borges e é apontado como operador de Pimentel. Conforme a PF, os repasses foram vantagens indevidas pagas indiretamente ao governador petista. Os quatro negam qualquer conduta irregular.

Outra operação da PF, a Zelotes, também apura suposto pagamento de propina a servidores públicos e autoridades do governo em troca de medidas provisórias que concederam incentivos fiscais a montadoras, entre elas a CAOA.

Os R$ 2,5 milhões em notas estavam num dos endereços de Carlos Alberto em São Paulo, parte acondicionada em sacos plásticos. Ao depor à PF, o empresário disse ser acionista da CAOA e que “normalmente faz as retiradas da empresa em dinheiro, uma vez que não possui conta em banco”. No depoimento, ele não esclareceu porque não tem conta bancária.

Durante a oitiva, o advogado de Carlos Alberto, José Roberto Batochio, acrescentou que o expressivo montante em espécie se destinava a pagar funcionários, reforma e despesas de toda a família, além de bancar viagens em jatinhos. Tanto que, segundo ele, o empresário declarou ao Imposto de Renda guardar R$ 5,2 milhões em casa em 2014. O total de bens e direitos informados ao Leão naquele ano era de R$ 833 milhões.

À Polícia Federal, o empresário disse ainda que recebia Pimentel em sua casa, assim como a Bené. Ele afirmou também que se encontrava com o petista em Brasília e costumava ouvi-lo sobre a “situação macroeconômica do País, a fim de tomar decisões sobre investimentos”.

Carlos Alberto negou ter pago qualquer quantia a Bené ou a Pimentel. Ele alegou não saber por que a CAOA repassou R$ 2,8 milhões às empresas de Bené, mas informou acreditar que se tratava de pagamentos por serviços de marketing prestados à montadora.

 

ConteúdoEstadão

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