O que movia Osvaldo era a paixão pelo Sertão

Carlos Laerte   Por  Carlos Laerte

Venceu o tempo e a morte veio antes da invernia. Seus olhos, que tantos horizontes vislumbraram, trazendo água e fartura para as terras secas do Sertão, não mais verão a partilha das boas safras, a justa divisão dos frutos, a cor das Jitiranas e o canto do pássaro Carão. O beradeiro que aprendeu com as coisas do sequeiro a compreender as falas da natureza, hoje comunga aos pés do senhor Deus pai fazendo coro com Nilo, Celestino e Dom Malan. A fé que semeou campos irrigados, sonhos universitários e uma metrópole no Sertão agora se faz mito pela palavra, exemplo e ação.

A Petrolina que chora a triste partida de Osvaldo Coelho também nasceu deste sonho visionário e mais ainda da incrível capacidade de realização. Foram poucos os projetos que ele não viu se elevar além dos muros da imaginação. Forte e persistente como uma baraúna, esperto e astuto feito o cancão, Osvaldo foi assim na vida pública: uma sucessão de mandatos políticos produtivos e de corajosa atuação contra as desigualdades regionais.

Um instrumento imprescindível de transformação social e econômica de uma gente que não tinha voz. De um semiárido cheio de oportunidades, mas que não mostrava ao País seu tamanho, a força e as possibilidades. Falando alto, para muito mais além das barrancas do Velho Chico, a Lição do Remeiro, poema escrito pelo irmão Nilo, persiste na bravura do vaqueiro, na suavidade das rendas e na modernidade que mistura povos e raças pelas ruas do seu imaginado sonho.

Hoje, pensamos grande e queremos mais um pouco desta ousadia que encantava a tua alma. E, certos que o tempo passa, “este senhor tão bonito”, haveremos sempre de guardar a lembrança viva da história do “Sr. Deputado” e desta incrível força, o Sertão. “…Rio acima contra a correnteza e a alma cheia de esperança”.

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