Poeta FLAVIO RICARDO CHAVES – FRC
A LEMBRANÇA DO CAIS
Poeta FLAVIO RICARDO CHAVES – FRC
A cidade é como um ser, tem sangue e artéria
Insensível tinteiro esconde o tempo férreo no deserto
O calendario de se guardar é página virada e mágoa aberta
O cais se ergue em estátua fantasma e lembrança que resta
Quando o antigo no gesto desumano está concreto
O golpe urbano na ferida é o caos e seu inverno
Sem teto na paisagem a calçada de luz é indiferença e miséria
Como um pássaro de canto caído e rouco
Martelam em derrubadas colunas em linha reta
Tempo sem passado onde agora chega, com seu mapa oco
O povo nada pode quando o grito é mudo e louco
Os arrecifes se foram com os náufragos indolentes
Em seus olhares venais de pilares e cimento
Recife, tua história agora é somente pranto e sentimento
Lembrar teu passado é alfândega de lembrança e porto de passatempo-
FLAVIO RICARDO CHAVES – FRC