Josias de Souza
Conforme já comentado aqui, o PMDB tornou-se a mosca de sua própria sopa. Na penúltima investida do partido contra si mesmo, Renan Calheiros referiu-se ao correlegionário Michel Temer como uma espécie de chefe do departamento de RH do governo, um gerente de “cargos e boquinhas”. Em resposta elegante, Temer anotou: “Não usarei meu cargo para agredir autoridades de outros Poderes.”
Investigado por suspeita de receber propinas na Petrobras, Renan leu na resposta de Temer o vocábulo “ética”. O vice-presidente escreveu: “Respeito institucional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura.”
Incomodado com o rebaixamento do pé-direito do PMDB, Temer insinuou que Renan é menor do que os desafios que o assediam: “Não estimularei um debate que só pode desarmonizar as instituições e os setores sociais. O país precisa, neste momento histórico, de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados.”
De resto, Temer deu a entender que tem coisas mais relevantes a fazer do que ficar batendo boca. “Trabalho hoje com o objetivo de construir a estabilidade política e a harmonia ensejadoras da retomada do crescimento econômico em benefício do povo brasileiro. Se outros querem sair desta trilha, aviso que dela não sairei.”