No segundo dia de sua viagem oficial a Portugal o vice-presidente brasileiro Michel Temer sustentou que o modelo de “sucesso” do programa de ajuste fiscal da economia portuguesa também poderia dar resultados no Brasil. A declaração contradiz as posições sustentadas no passado pelo ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, que sempre se opuseram à essas medidas para sair da crise.
Depois de um dia mais dedicado aos encontros políticos, nesta terça-feira (21) o vice-presidente se concentrou mais aos temas econômicos com assinaturas de protocolos nas áreas de comércio exterior, logística, portos, educação e saúde. Temer também visitou a sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e ofereceu a hospitalidade brasileira para receber a próxima reunião de cúpula do organismo, prevista para 2016.
Mas foi após o encontro com o vice-premier Paulo Portas que Temer falou uma linguagem bem diferenciada daquela que os portugueses estavam habituados a ouvir das autoridades brasileiras que vinham a Portugal nos últimos anos. Questionado sobre a eficácia do ajuste fiscal adotado por Lisboa, o representante de Brasília disse que se o sistema funcionou no país europeu, “certa e seguramente dará resultados no Brasil”.
Lula e Dilma eram contra reajuste fiscal
A declaração foi recebida com surpresa, já que tanto o ex-presidente Lula como a presidente Dilma Rousseff sempre discordaram do programa de austeridade aplicado pelo atual governo português.
Se o entusiasmo de Temer for colocado em prática, os brasileiros podem esperar, como em Portugal, cortes salariais e das aposentadorias de no mínimo 10%, um forte aumento de impostos e muitos cortes na segurança, nos serviços sociais e no funcionalismo público. (Agência RFI português– Adriana Niemeyer)