O Mais Médicos: a outra versão

Carlos Brickmann

O programa Mais Médicos é uma resposta positiva às manifestações de 2013, com o objetivo de atender à população carente sem acesso à saúde. Só que não. Hoje, já se sabe que essa história é lenda. O ótimo repórter Fábio Pannunzio, da Rede Bandeirantes, desencavou uma gravação não autorizada da reunião em que se combinou a trama clandestina entre cubanos, Governo brasileiro e Organização Pan-Americana de Saúde, Opas.

A coordenadora da Opas, Maria Alice Barbosa Fortunato, diz: “Se a gente coloca ‘governo cubano’, se o nosso documento é público, qualquer pessoa vai entender que a gente está driblando a coisa de fazer acordo bilateral e pode dar uma detonada.” Para fingir que não era acordo bilateral e ocultar o objetivo real de trazer cubanos e transferir dinheiro brasileiro para Cuba, sugere a inclusão de uns poucos médicos de outros países. “A gente pode colocar (…) Mercosul e Unasul, para tirar o foco de Cuba (…)”

Estaria o Governo brasileiro a par de tudo ou a iniciativa seria de funcionários ativistas? O Governo sabia de tudo. O assessor para Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, Alberto Kleinman, diz que salários e forma de pagamento tinham sido definidos por Marco Aurélio Garcia, assessor internacional da Presidência. Seriam 60% para o Governo cubano e 40% para os médicos. O contrato que definiu o envio de dinheiro brasileiro a Cuba – mais da metade do salário de cada médico – foi redigido no fim de 2012. E ficou guardado até o meio de 2013, quando o programa surgiu como se atendesse às manifestações.

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