Nesses jantares comuns em Brasília, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) montou uma rotina diferente nas últimas semanas. Colecionou encontros com lideranças do PSDB e DEM, a oposição direta ao PT da presidente Dilma Rousseff. E não tem nada de “pacto para salvar Dilma”.
Convidado a um desses encontros, o deputado federal Mendonça Filho, líder do DEM na Câmara, diz que há muito tempo tem proximidade pessoal com Temer. Ele fala até que foi um dos 257 parlamentares a votar no presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). E deixa claro que não está se aproximando da base da presidente Dilma, porque o conceito hoje não é o de antes, de uma “base unificada”. Na reforma política, por exemplo, Mendonça vê muitas convergências do PSDB, DEM e PMDB. “Diálogo com o PT é inviável, são ideias antagônicas. Com o PMDB não”, diz.
Assim, não é a demissão do ex-ministro Cid Gomes que sintetiza a força do PMDB. O partido também não articula, como pensam os mais paranóicos, a saída formal de Dilma, até porque não faz diferença. Em posse do poder de fato, o PMDB se transforma no verdadeiro governo. Dilma e o PT viram aos poucos figurantes, elenco de apoio.
Na edição de ontem do JC, Teresa Leitão, presidente estadual do PT, cobrou publicamente mais espaço para a legenda na gestão federal. É uma entre outros petistas que falam o mesmo. Pelo menos agora não dá. Dilma cuida do gabinete de crises, vai a eventos e anúncios. O PMDB cuida do diálogo com diferentes forças, de viabilizar uma agenda e do governo – e seus novos ministérios e cargos serão um bônus. O segredo da política não está nos títulos, mas com quem está o poder.
fonte:jconline